Refinaria

Venda sem garantia de conclusão da obra

Petrobras "sugere" conclusão, mas não garante que o trem 2 de refino seja entregue pelo controlador privado que assumir 60% dos ativos da Refinaria Abreu e Lima

Publicado em: 04/05/2018 09:00 | Atualizado em: 09/05/2018 21:54

A Petrobras anunciou a venda de 60% dos ativos e o controle de quatro refinarias, incluindo a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), construída parcialmente no Complexo de Suape. A garantia de que a conclusão será realizada pelo privado, porém, vai ficar em aberto. De acordo com o teaser, um documento que mostra as operações para potenciais investidores, a Petrobras “sugere” ser mais rentável a operação total dos dois trens de refino, mas não deixa qualquer instrumento jurídico que garanta o investimento nem o prazo para tal. Além disso, o material coloca a empresa Citigroup como o consultor financeiro do processo iniciado há duas semanas, mesmo não existindo qualquer contrato vigente entre a Petrobras e a empresa. O último contrato com o grupo venceu na última terça-feira, 1º de maio.

Hoje, a Rnest produz 100 mil barris de petróleo por dia, volume pouco abaixo da metade da capacidade total da refinaria (quando pronta). Sobre o risco de a empresa não concluir o trem 2, que colocará a produção em 230 mil barris de petróleo por dia, a Petrobras afirmou apenas que “acredita que o novo parceiro terá interesse em concluir”.

“O segundo trem da refinaria Abreu e Lima (RNEST) encontra-se com cerca de 80% de realização física. A Petrobras acredita que seu futuro parceiro no Nordeste terá interesse em concluir o segundo trem da RNEST para que essa parte inacabada gere receita, o que não acontece atualmente. É importante ressaltar que o segundo trem, mesmo que inacabado, está no escopo da parceria, ou seja, o novo sócio considerará esta unidade no valor que pagará ao celebrar a parceria com a Petrobras”, disse a Petrobras. As obras foram paralisadas depois que a refinaria entrou no alvo das investigações da Polícia Federal por suspeitas de propinas em contratos, que também levara à crise da petroleira. A conclusão do trem 2 passou a estar atrelada à chegada do parceiro privado.

Vale ressaltar que a possibilidade de postergar investimentos pode deteriorar os ativos. Nas demonstrações financeiras da Petrobras referentes a 2017, por exemplo, o ativo “trem 2 da Rnest” sofreu perdas por desvalorização na ordem de R$ 1,5 bilhão, quando registrou um valor contábil de R$ 5,6 bilhões, sendo recuperável apenas R$ 4,1 bilhões do total. Sobre prazo que a Petrobras espera para o investidor retomar investimentos no projeto evitando o aumento da depreciação, a petroleira não respondeu. A Petrobras também não respondeu se reconhece o risco de o investidor decidir não concluir o projeto.

Ainda em resposta aos questionamentos do Diario, a Petrobras acrescentou que “o início das operações do segundo trem de refino da Rnest possibilitará a nova empresa capturar resultados positivos significantes, através de um plano de expansão de baixo custo que permitirá o acesso ao futuro crescimento da demanda de derivados de petróleo no país, e em especial do Nordeste, região onde a demanda por combustíveis apresenta crescimento superior à média nacional.”

A Rnest atualmente é responsável pela produção de 30% do Diesel S-10 do Brasil e será integrada à refinaria Landulpho Alves (RLam), na Bahia, no que será o bloco Nordeste da venda. Questionada quanto será a produção de Diesel com as duas operações atuando na capacidade máxima, a Petrobras informou que “a produção é variável, influenciada pela demanda de mercado.”
Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL