Empreendedorismo

Entra Apulso gera negócios na 'extensão' do shopping

Publicado em: 11/05/2018 08:00 | Atualizado em: 10/05/2018 21:56

Há mais de 30 anos com salão na comunidade, Jecira mantém atendimento a clientes fiéis. Foto: Shilton Araújo/DP

Do primeiro andar da sua casa, a cabelereira Jecira Batista viu o Shopping Center Recife “subir e crescer”. Na comunidade do Entra Apulso, ostenta o posto de ser a “primeira pessoa a fazer salão aqui”. Viveu o bom e o ruim dos negócios. Viu as portas vizinhas abrirem e crescerem, algumas que diminuíram e outras que fecharam até que outro negócio se abrisse no lugar. Tudo para tentar. A comunidade que opera uma economia paralela do lado de um dos maiores centros de compras do Norte e Nordeste é o reflexo do tentar. E é o que ela faz há mais de 30 anos ou 40 anos. "Nem sei mais. Só sei que envelheci aqui."

Jecira é uma das empreendedoras da conhecida e informal "quinta etapa do shopping", readequada à sexta depois que o oficial inaugurou a última expansão. No CEP oficial, é Avenida Visconde de Jequitinhonha, bairro Boa Viagem. Se acha de tudo. Salões com ar condicionado ou ventilador, restaurante de comida no peso ou espetinho e milho na barraca, na calçada. Tem óculos escuros pendurados para quem passa ver bem as opções. Tem gente trabalhadora fazendo negócio e tentando continuar.

Em claro reflexo da economia, readequação é palavra mais praticada por lá. Os estabelecimentos naquela rua se alimentam do shopping, principalmente de funcionários, e da demanda da própria comunidade. "Já tive 15 funcionários e chegava a 20 pessoas em fim de ano, trabalhando para dar conta do movimento. Hoje, sou sozinha e nem abro todo dia, só quando marcam, porque os clientes são os fiéis, principalmente funcionários do shopping ", conta.

O salão de Jecira, por exemplo, que hoje é o primeiro andar da casa e com uma estação de atendimento, antes ocupava todo o térreo da casa, onde hoje o espaço é compartilhado entre a loja de equipamentos celulares e o restaurante Bom de Garfo, do seu inquilino. "Tive que baixar o valor do aluguel para ele ficar, porque ele vendia bem. Hoje ele tem que pegar as quentinhas e ir na rua vender, entregando onde pedem. E ele teve filho agora, eu baixei para ajudar", cita. “Tem que se mexer. Eu mesma estou querendo colocar uns manequins aqui na calçada, para colocar algumas roupas para vender. Tem que se virar”, pontua.

É a mesma dificuldade enfrentada por Alany Ferreira, que vende brigadeiro em uma bandeja, na rua, há cinco anos. Já vendeu 500 unidades em duas horas. Hoje, percorre a rua e estica para as paradas de ônibus no entorno do shopping. "A gente vai atrás do cliente. Só estou faltando pegar na mão pra mostrar os meus brigadeiros", brinca. "Hoje eu trago 100 unidades só. Quando eu sei que o povo está para receber salário, trago 200 brigadeiros. Poucos voltam para casa", completa. A frase é a mesma de Jecira e de qualquer outro empreendedor local: "Tem que se virar."

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