dia da mulher

Profissionais mulheres ganham mais que homens, em média, no DF

A explicação está no fato de o acesso ao funcionalismo ser feito por seleção pública, método que se baseia na meritocracia e favorece quem tem maior escolaridade

Publicado em: 08/03/2018 14:47 | Atualizado em: 08/03/2018 14:52

Mesmo com discrepâncias, tem havido enorme progresso na participação feminina em cargos importantes da administração. Foto: Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press

Em um país onde as mulheres ainda sofrem discriminação no mercado de trabalho, o concurso público pode ser uma defesa. Prova disso é que o Distrito Federal (DF), onde grande parte dos postos de trabalho estão no setor público, é único lugar do país onde as mulheres recebem, em média, um salário maior que o dos homens. Segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho, entre 2007 e 2016, elas ganharam, em média, R$ 5.261,80, enquanto eles receberam R$ 5.196. 

Para analistas, a razão disso pode ser consequência da forte presença delas na administração pública e do fato de o acesso ao funcionalismo ser feito por concurso —  um método de ingresso que se baseia na meritocracia e favorece a maior escolaridade das mulheres. “Não tem uma diferença por sexo, então isso é uma realidade”, diz Fernanda Schröder Gonçalves, gerente Nacional de Carreiras do Ibmec.

Entretanto, ainda há discriminação na hora de conceder cargos de chefia para mulheres. Uma pesquisa do IBGE aponta que, em todo o país, elas ocupam apenas 38% dos cargos de comando nas empresas ou no funcionalismo. A situação ainda é pior no serviço público federal. No topo dos cargos de confiança, DAS 6, elas são apenas 16,4%, e os homens, 83,6%, de acordo com os dados do Boletim Estatístico de Pessoal, do Ministério do Planejamento. Considerando todos os níveis de DAS, elas ocupam 43% dos postos, e os homens, 57%.

Mesmo com essas discrepâncias, tem havido enorme progresso na participação feminina em cargos importantes da administração. Hoje, a ministra Cármen Lúcia, comanda o Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Laurita Vaz, o Superior Tribunal da Justiça (STJ), e Raquel Dodge, a Procuradoria-Geral da República. Antes delas, nenhuma mulher havia ocupado estes cargos. No Executivo, entre janeiro de 2011 e agosto do ano passado, a Presidência da República foi exercida por Dilma Rousseff. E a ministra Grace Mendonça, atual titular da Advocacia-Geral da União, é a primeira mulher a ocupar a função.

Mariana Eugênia Almeida, analista de Políticas Sociais do Ministério do Trabalho, reforça que a melhor remuneração das mulheres no Distrito Federal decorre do fato da participação elevada delas no serviço público. No Governo do DF, 62,5% dos quase 160 mil servidores ativos e inativos são  mulheres, e apenas 38,4%, homens. O motivo de diferença tão grande é, principalmente, o elevado número de profissionais do sexo feminino na educação — o segmento reúne o maior percentual de servidoras públicas entre as carreiras do DF. Na capital, elas representam ainda quase metade do funcionalismo federal.

Fora do setor público, a situação se inverte. Somente 38% do mercado privado de trabalho do DF  é composto por mulheres, enquanto 62% dos empregos estão nas mãos dos homens, ou seja, dos 1,25 milhão de trabalhadores, apenas 474 mil são do gênero feminino.

Segundo Fernanda Schröder, as mulheres têm ganhado cada vez mais determinação, assumido novas posições e tido maior foco para lidar com novas responsabilidades. “Não que o homem não tenha essas capacidades. Mas a mulher tem conseguido fazer isso de forma assertiva e progredido muito nos últimos anos”, destacou. Ela considerou ainda que o sexo feminino leva vantagem competitiva, que é a predisposição a mudanças.

Segregação

Em  nível nacional, contudo,  mesmo com um nível de instrução superior ao dos homens, as mulheres continuam recebendo menos. Dados do IBGE mostram que a maior diferença percentual está na faixa de 25 a 44 anos de idade. Nesse grupo, o percentual de homens que completou a graduação é de 15,6% e o de mulheres chega a 21,5%. No entanto, elas continuam recebendo, em média, cerca de três quartos do que eles ganham. Em 2016, o rendimento mensal das mulheres dessa faixa etária era de R$ 1.764, e o dos homens, de R$ 2.306.

De acordo com o IBGE, isso pode estar relacionado à segregação ocupacional a que as mulheres estão submetidas no mercado de trabalho. Na categoria de ensino superior completo ou mais, o rendimento das mulheres equivalia, em 2016, a 63,4% do que os homens recebiam.
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