sem mudança

Para S&P, aprovação de reforma não mudará nota do Brasil

Ontem, a agência de classificação de risco anunciou o terceiro rebaixamento do Brasil desde setembro de 2015

Publicado em: 12/01/2018 14:48 | Atualizado em: 12/01/2018 14:50

Ontem, a agência de classificação de risco anunciou o terceiro rebaixamento do Brasil desde setembro de 2015 - Foto: Reprodução/Internet

A diretora de risco soberano da agência de classificação de risco Standard & Poors (S&P), Lisa Schineller, avisou que, mesmo se reforma da Previdência for aprovada pelo Congresso Nacional neste ano, isso não será suficiente para reverter a nova nota do país.

Ontem, a S&P anunciou o terceiro rebaixamento do Brasil desde setembro de 2015. Em entrevista pela internet nesta sexta-feira (12/1), executiva destacou que, mesmo se houver a reforma da Previdência, ainda há muitos riscos fiscais envolvidos para que esse nota seja revertida ainda neste ano, como o descumprimento da regra de ouro.

“Outras medidas para melhorar o equilíbrio fiscal precisam ser implementadas”, avisou. Para a executiva, será muito difícil que o governo consiga aprovar a reforma da Previdência neste ano devido às incertezas das eleições presidenciais. “Vemos o cenário para as eleições cada vez mais aberto”, afirmou.

Lisa destacou que, devido aos vários adiamentos da votação da reforma no ano passado, será muito mais difícil que a proposta seja aprovada neste ano. “Acreditamos que será muito difícil aprovar (a reforma da Previdência) neste ano”, disse.

A diretora da S&P fez elogios rasgados ao Banco Central e sua política monetária que resultou em uma inflação, pela primeira vez, abaixo do piso da meta, de 3%. “Um dos pontos de credibilidade é a política monetária”, disse Lisa, destacando como um dos principais pontos positivos da análise feita pela agência.

A executiva demonstrou preocupação com os escândalos de corrupção envolvendo integrantes do Congresso e do governo e reforçou os motivos apontados na nota para o rebaixamento foi justamente o ritmo “mais lento do que o esperado” na agenda de reformas para recuperar o equilíbrio fiscal do país.

A S&P foi a primeira agência a conceder o grau de investimento para o Brasil, em 2007, e, em 2015, também foi a primeira a retirar a mesma nota. O país perdeu o selo de bom pagador em setembro de 2015 e foi rebaixado pela segunda vez pela agência no início de 2016. As notas das demais agências norte-americanas, Moody´s e Fitch Ratings, estão a dois degraus abaixo do grau de investimento e a expectativa é que elas façam o mesmo que a S&P.

O governo deu sinalizações ontem que de, com esse rebaixamento, as chances de aprovação da reforma previdenciária poderiam aumentar neste ano. No entanto, o diretor para as Américas da Eurasia Group, Christopher Garman, avaliou que essa medida não deverá gerar mais urgência para a reforma da Previdência. “A decisão da S&P não vai mudar as discussões de curto prazo no Congresso sobre a reforma, muito menos afetar o potencial de candidatura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles”, disse ele, acrescentando que manteve em 30% as chances de aprovação da reforma previdenciária neste ano. “Meirelles não deve decolar porque está muito fortemente associado ao governo e também é a cara do establishment. Isso não muda. E muito menos como ministro”, afirmou Garman ao Correio.
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