Indústria Termômetro da economia, fábricas de cimento dão sinais de reação Setor registrou queda de 8,9% no consumo de janeiro a maio, ante retração de 10,1% na comparação dos últimos 12 meses

Por: Alessandra Mello

Publicado em: 13/06/2017 08:31 Atualizado em:

Fábrica de Sete Lagoas: situação dos fornecedores é considerada dramática, com ociosidade de 45% da capacidade de produção. Foto: Juarez Rodrigues/em/D.A Press
Fábrica de Sete Lagoas: situação dos fornecedores é considerada dramática, com ociosidade de 45% da capacidade de produção. Foto: Juarez Rodrigues/em/D.A Press


Termômetro da economia, as vendas de cimento no Brasil, que ocupa o quinto lugar do ranking mundial do setor, registraram queda este ano, mas dão sinais de desaceleração do tombo sofrido frente ao ano passado, segundo levantamento divulgado ontem pelo Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC). O balanço da entidade indica leve melhora em 2017. De janeiro a maio, a comercialização no mercado interno totalizou 21,6 milhões de toneladas do produto, redução de 8,9% ante o mesmo período de 2016.

Nos últimos 12 meses, foram vendidos 55,3 milhões de toneladas, retração de 10,1% em relação ao mesmo período anterior. Na comparação por dia útil – melhor indicador da indústria por considerar o número de dias trabalhados, o que tem forte influência no consumo de cimento – as vendas no país em maio último apresentaram redução de 3,5% ante abril e de 9,4% sobre maio de 2016.

Com capacidade instalada de cerca de 100 milhões de toneladas, o setor teve vendas de 57,24 milhões de toneladas no ano passado, uma queda de 11,7% quando comparada a 2015, período em que as vendas já haviam recuado 9,5% em relação a 2014.Para o presidente do sindicato dos fornecedores (SNIC), Paulo Camilo Vargas Penna, a situação da indústria é “dramática”.

Na avaliação do sindicato, 2017 será o terceiro ano com registro de queda no consumo, acumulando 25% na demanda e ociosidade de 45%. A perspectiva é de que o ritmo da produção esteja limitado, até o fim do ano, a metade da capacidade das empresas.

No entanto, segundo Camilo Penna, as previsões apontam para redução total do consumo entre 5% e 7%, percentual abaixo do registrado no fim de 2016. Os números demonstram uma recuperação extremamente lenta para a indústria cimenteira, que viveu seu período mais exuberante entre 2004 e 2014, avalia o presidente do sindicato da indústria.

Naquele período, segundo ele, a produção do setor passou de 34 milhões de toneladas para 71 milhões em 2014, além de ter dobrado o número de grupos fabricantes de cimento, que saiu de 12 para os atuais 24. “Tudo alavancado pelo boom da construção pesada e civil”, lembra Camilo Penna. “Nesse período nos dobramos nossa demanda em função da melhora do crédito e da renda, da confiança na economia e dos investimentos do estado em obras de infraestrutura”, comenta. Em 2015, de acordo com ele, começou a queda.

Para o executivo, diferentemente de outros setores da economia, a indústria do cimento só deve retornar aos níveis anteriores à crise em 2019. “Para que haja uma retomada de crescimento, serão necessárias mais ações, além das medidas já adotadas, e a volta de um ambiente macroeconômico mais favorável”, defende.

INFRAESTRUTURA

Para isso, ele prega a retomada pelos entes da federação (União, estados e municípios) das obras de infraestrutura e da construção de moradias. Antes disso, contudo, afirma Camilo Penna, será preciso acabar com os estoques de moradia tomados em garantia pelo não pagamento e que hoje estão calculados em cerca de R$ 10 bilhões.

Há, também, o fator de incerteza sobre os rumos da política. O temor, avalia, é de que a crise política contamine mais ainda a economia, atrasando a recuperação do país. “Estamos com os pés no chão por causa das incertezas políticas”.
 
enquanto isso...
....No canteiro de obras
Pelo quarto mês, cresceu o índice de atividade da indústria da construção de Minas Gerais em abril. O indicador registrou 47,7 pontos, representando aumento de 2,9 pontos em relação ao desempenho de março (44,8 pontos). Apesar de ter se mantido abaixo da linha dos 50 pontos, que separa os movimentos de queda e crescimento, a pontuação ficou no maior nível desde junho de 2014 (49 pontos), acumulando alta de 14,5 pontos no primeiro quadrimestre do ano e de 16,9 pontos na comparação com abril de 2016. Os dados são de pesquisa regular feita pelo Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG). 


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