Observatório econômico O 1º de maio e a esperança por dias melhores

Publicado em: 07/05/2017 08:00 Atualizado em: 05/05/2017 20:18

Por Paulo Aguiar do Monte

Paulo Aguiar do Monte é professor de Economia da Universidade Federal da Paraíba. Foto: Arquivo pessoal
Paulo Aguiar do Monte é professor de Economia da Universidade Federal da Paraíba. Foto: Arquivo pessoal
O 1º de maio é uma data histórica. Trata-se do dia do trabalhador. Em sua definição mais abrangente, é o dia do empregado, do assalariado, do autônomo, do microempresário, do empregador. Daqueles que são responsáveis por tudo o que se produz, por toda a renda gerada e pela esperança de dias melhores para o país.


Infelizmente, neste 1º de maio 2017 não há muito o que se comemorar. Os indicadores mais recentes divulgados pelo IBGE mostram que a taxa de desemprego subiu para 13,7% no trimestre de janeiro a março de 2017 (contra 13,2% no trimestre dezembro/2016 a fevereiro/2017), alcançando cerca de 14,2 milhões de trabalhadores. Comparativamente ao mesmo período de 2016, o índice subiu 2,8 pontos percentuais (era 10,9% em 2016). Some-se, a isso tudo, a queda significativa da população ocupada e dos trabalhadores com carteira assinada, o que representa, por consequência, perda de renda das famílias e do Governo que passa a arrecadar menos, inclusive para a Previdência.

O coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE foi claro em afirmar que os dados recentes não mostram nenhum sinal de recuperação do mercado de trabalho, contrariando de forma efusiva a declaração do atual Ministro da Fazenda há um mês de que “o Brasil volta a crescer e está fazendo isso de forma robusta”.

A permissividade fiscal irresponsável do Governo anterior levou o mercado de trabalho a sair, em apenas 3 anos, de uma situação de pleno emprego para um volume de desemprego de mais de 11 milhões de trabalhadores, apesar do Ministro da Fazenda do Governo anterior não se cansar de afirmar que as perspectivas econômicas eram as melhores (frase dita em 2014). O ajuste fiscal exacerbado do Governo atual ampliou este número para mais de 14 milhões de trabalhadores desempregados. Enquanto isso, o mercado de trabalho reflete, da forma mais cruel, a situação econômica e política do País, com perdas significativas para todos os trabalhadores, principalmente para os mais vulneráveis.

Em um país cheio de extremos, dominado pelo “certo ou errado”, representado por uma classe política - altamente desacreditada - responsável por reformas importantíssimas que repercutem significativamente na vida atual e futura dos trabalhadores, sem necessariamente influenciar a sua própria, a necessidade de uma mudança de rumo da economia brasileira deveria ser tão evidente quanto o fato de que o sinônimo de uma política corretiva não é uma política antagônica.

(*) Professor da UFPB.

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