Observatório econômico
Já fez a tarefa de casa?
Publicado em: 06/03/2017 08:00 Atualizado em: 03/03/2017 19:53
Por Alexandre Jatobá (*)
As crianças, de uma forma geral, após chegarem da escola procuram seus pais e/ou cuidadores e geralmente perguntam: “Posso brincar?” Da outra parte, também geralmente, a resposta é: “Já fez a tarefa de casa? Só pode brincar depois de fazer a tarefa”.
Pode-se dizer que esta é a situação em que se encontra hoje nossa economia. Ainda sofrendo os impactos da maior crise da história recente do país, a economia está querendo (e precisando) “brincar”. Porém, para “brincar” precisa fazer a tarefa de casa. Para ser mais preciso, a “criança” até já começou a tarefa de casa, mas está longe de ser “liberada”. Vejamos:
INFLAÇÃO: Até com a ajuda da própria crise, a inflação cedeu, está controlada e em uma tendência de queda rumo ao centro da meta. De acordo com o último boletim do Banco Central, o mercado está projetando uma inflação de 4,55% para os próximos 12 meses. Tínhamos o pior cenário possível, que era o de uma economia em queda livre e com inflação alta. Pelo menos, esse segundo problema parece estar resolvido.
SELIC: Considerando que a inflação está controlada e com o objetivo de estimular a retomada do crescimento, o Banco Central fez a sua tarefa e, pela quarta vez consecutiva, reduziu a SELIC que agora está em 12,25% ao ano, a menor desde janeiro de 2015. Aqui também há uma expectativa de novas reduções no futuro breve. E a novidade desta vez, foi que os principais bancos do país ao menos começaram a fazer sua tarefa e acompanharam o Banco Central anunciando reduções nas taxas de juros de algumas de suas operações de crédito. Essa redução nos juros da economia é imprescindível à retomada.
POLÍTICA FISCAL: essa é outra tarefa que ainda está incompleta. A aprovação da PEC que limita o crescimento dos gastos públicos federais, embora fundamental, foi apenas o primeiro “quesito” da tarefa. O segundo “quesito” da tarefa é aprender a gastar melhor o dinheiro público, reduzindo o desperdício e, principalmente a corrupção. Outra parte da tarefa diz respeito aos estados e municípios, já que a maior parte deles está atolada em dívidas e precisa urgentemente de um forte ajuste fiscal.
INVESTIDORES: com a redução da SELIC e mais confiantes de que o governo começou a fazer sua tarefa (com o ajuste fiscal), os investidores já voltaram a, pelo menos, planejar a retomada dos investimentos. Estão aguardando que o governo termine as tarefas pendentes para fazerem sua parte.
ESTABILIDADE POLÍTICA: apesar de mostrar que tem uma base relativamente sólida no Congresso, importante para a aprovação das reformas, essa tarefa é a mais “atrasada”. As recentes delações da Odebrecht sobre a campanha 2014 podem provocar a cassação do mandato, e com isso, o ambiente econômico poderá voltar ao nível do período do impeachment, podendo frear e até reverter o início da recuperação econômica.
REFORMAS: Outra tarefa que a “criança” ainda precisa fazer é a realização das reformas previdenciária, trabalhista e tributária. Sem estas, a criança pode até “brincar um pouquinho” mas depois pode ficar “de castigo” por muito tempo.
(*) Economista e diretor da Datamétrica.
Alexandre Jatobá é economista e diretor da Datamétrica. Foto: Tiago Lubambo/Divulgação |
Pode-se dizer que esta é a situação em que se encontra hoje nossa economia. Ainda sofrendo os impactos da maior crise da história recente do país, a economia está querendo (e precisando) “brincar”. Porém, para “brincar” precisa fazer a tarefa de casa. Para ser mais preciso, a “criança” até já começou a tarefa de casa, mas está longe de ser “liberada”. Vejamos:
INFLAÇÃO: Até com a ajuda da própria crise, a inflação cedeu, está controlada e em uma tendência de queda rumo ao centro da meta. De acordo com o último boletim do Banco Central, o mercado está projetando uma inflação de 4,55% para os próximos 12 meses. Tínhamos o pior cenário possível, que era o de uma economia em queda livre e com inflação alta. Pelo menos, esse segundo problema parece estar resolvido.
SELIC: Considerando que a inflação está controlada e com o objetivo de estimular a retomada do crescimento, o Banco Central fez a sua tarefa e, pela quarta vez consecutiva, reduziu a SELIC que agora está em 12,25% ao ano, a menor desde janeiro de 2015. Aqui também há uma expectativa de novas reduções no futuro breve. E a novidade desta vez, foi que os principais bancos do país ao menos começaram a fazer sua tarefa e acompanharam o Banco Central anunciando reduções nas taxas de juros de algumas de suas operações de crédito. Essa redução nos juros da economia é imprescindível à retomada.
POLÍTICA FISCAL: essa é outra tarefa que ainda está incompleta. A aprovação da PEC que limita o crescimento dos gastos públicos federais, embora fundamental, foi apenas o primeiro “quesito” da tarefa. O segundo “quesito” da tarefa é aprender a gastar melhor o dinheiro público, reduzindo o desperdício e, principalmente a corrupção. Outra parte da tarefa diz respeito aos estados e municípios, já que a maior parte deles está atolada em dívidas e precisa urgentemente de um forte ajuste fiscal.
INVESTIDORES: com a redução da SELIC e mais confiantes de que o governo começou a fazer sua tarefa (com o ajuste fiscal), os investidores já voltaram a, pelo menos, planejar a retomada dos investimentos. Estão aguardando que o governo termine as tarefas pendentes para fazerem sua parte.
ESTABILIDADE POLÍTICA: apesar de mostrar que tem uma base relativamente sólida no Congresso, importante para a aprovação das reformas, essa tarefa é a mais “atrasada”. As recentes delações da Odebrecht sobre a campanha 2014 podem provocar a cassação do mandato, e com isso, o ambiente econômico poderá voltar ao nível do período do impeachment, podendo frear e até reverter o início da recuperação econômica.
REFORMAS: Outra tarefa que a “criança” ainda precisa fazer é a realização das reformas previdenciária, trabalhista e tributária. Sem estas, a criança pode até “brincar um pouquinho” mas depois pode ficar “de castigo” por muito tempo.
(*) Economista e diretor da Datamétrica.
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