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Operação Carne Fraca Agricultura suspende vendas de carnes de 21 frigoríficos no país Unidades investigadas não poderão comercializar produtos sem a aprovação de 30 fiscais do Ministério da Agricultura sem vínculos com superintendências

Por: Hamilton Ferrari - Correio Braziliense

Publicado em: 21/03/2017 07:23 Atualizado em:

Em nota, o Ministério da Agricultura afirmou que a vigilância sanitária do Brasil é uma das mais eficientes do mundo. Foto: Bruno Peres/CB/D.A Press
Em nota, o Ministério da Agricultura afirmou que a vigilância sanitária do Brasil é uma das mais eficientes do mundo. Foto: Bruno Peres/CB/D.A Press
O governo federal criou, nesta segunda-feira (20/3), uma força-tarefa para fiscalizar os frigoríficos alvos da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. As 21 plantas industriais citadas nas investigações não poderão vender carnes sem a aprovação dos auditores-fiscais. Servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) também estão coletando amostra dos produtos nos supermercados para análise em laboratório.

Ao todo, 30 auditores do ministério vão atuar nos frigoríficos sob suspeita. Eles vão checar as condições sanitárias de todo o processo industrial, desde o abate do gado. O ministro da Agricultura e Pecuária, Blairo Maggi, disse que a previsão é de que as inspeções se mantenham por, pelo menos, três semanas e que os resultados serão divulgados periodicamente.

Maggi afirmou que, para tranquilizar o mercado internacional, as 21 unidades estão proibidas de exportar. “Estamos reafirmando que não há problemas. Nós atestamos a qualidade de nossos produtos”, garantiu o ministro, que acompanhará hoje uma das inspeções no Paraná.

Como resultado da Operação Carne Fraca, o ministério também exonerou os superintendentes federais de agricultura no Paraná, Gil Bueno de Magalhães, e em Goiás, Júlio César Carneiro. Blairo Maggi disse que os substitutos serão escolhidos entre pessoas que não participavam no dia a dia das superintendências para atuar de uma forma “neutra”. “Justamente para observar os processos e analisar, inclusive, se há brigas políticas”, afirmou.

Em nota, o Ministério da Agricultura afirmou que a vigilância sanitária do Brasil é uma das mais eficientes do mundo. “O Mapa tem rigoroso serviço de inspeção de produtos de origem animal. Esse padrão de excelência abriu as portas de mais de 150 países, com permanente auditoria, monitoramento e avaliação de risco. Ademais disso, ao chegar a seus destinos, os produtos são também sujeitos à inspeção”, disse a nota.

A pasta sustentou ainda que não há preocupação com as investigações da Polícia Federal. “Nosso sistema está funcionando, ele é forte, rígido e previsível. Houve problemas de relacionamento de fiscais com donos de frigoríficos. Não dá para dizer que a suspeição é sobre a qualidade do produto e, por isso, eu confio que nós vamos avançar. O que aconteceu foi um desvio de pessoas dentro do processo”, disse Blairo Maggi.

Também em nota, a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) observou que “os casos isolados ocorridos em algumas poucas empresas jamais podem ser tomados como comportamento padrão da maioria absoluta dos frigoríficos brasileiros, cujos produtos são reconhecidos não só no mercado interno como também nos mais de 150 países para os quais exportamos”.

Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), também afirmou que é um grande equívoco atribuir desvios a todos os frigoríficos. “Estamos sendo malvistos no exterior, mas não são todas as empresas que estão neste escândalo. Mais de 6 milhões de trabalhadores estão ligados à pecuária de forma direta e indireta”, disse.

A Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) disse que seus filiados seguem padrões seveross. “Nenhuma planta de carne bovina dos seus 29 associados está citada na denúncia de esquema entre frigoríficos e fiscais agropecuários federais para comercialização de alimentos adulterados”.


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