Observatório econômico Bons ventos

Publicado em: 12/02/2017 08:00 Atualizado em: 10/02/2017 18:55

Por André Magalhães (*)

André Magalhães é professor do Departamento de Economia da UFPE. Foto: Tiago Lubambo/Divulgação
André Magalhães é professor do Departamento de Economia da UFPE. Foto: Tiago Lubambo/Divulgação
A última semana trouxe notícias positivas para o país: inflação sob controle, produção industrial subindo e safra agrícola crescendo. Alento, afinal!


Do lado dos preços, depois de alguns anos, com dificuldades para conseguir manter a inflação em patamares civilizados, os números de 2017, já apontam para uma inflação no centro da meta. Em janeiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) variou 0,38%. Este foi o IPCA mais baixo para os meses de janeiro na série histórica iniciada em dezembro de 1979. No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA foi de 5,35% (abaixo dos 6,29% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores). Há previsões no mercado de que se alcance o centro da meta de inflação (4,5%) ainda no primeiro semestre de 2017.

Do lado da produção agrícola, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), prevê uma safra agrícola para 2017, 20,3% maior do que a de 2016. Esse aumento mais do que supera as perdas do ano anterior. Melhor é que parte disso é ganho de produtividade na agricultura. Ou seja, estamos produzindo mais por hectare plantado.

Na indústria, a situação ainda está ruim, mas dezembro já foi melhor do que o resto do ano. No último mês de 2016, a atividade cresceu em 10 dos 14 locais pesquisados pelo IBGE, com um aumento de 2,3% da produção industrial do país no mês. Apesar disso, considerando o ano de 2016, a produção industrial cresceu apenas no Pará. Ou seja, houve queda nas demais áreas.

Juntando as notícias, é possível começar a vislumbrar um cenário melhor para o país. A inflação sob controle deve permitir ao Banco Central reduzir a taxa de juros de forma mais rápida, como já foi sinalizado na última reunião do Copom. Safra maior, deve ajudar ainda mais na queda dos preços. A indústria vai se recuperando aos poucos. Juros menores e mais confiança por parte dos consumidores certamente irão ajudar nisso.

Podemos dizer que luzes começam a surgir no fim do túnel. Mas, o túnel é longo! E vamos demorar a sair dele. Nos últimos dois anos as coisas estavam indo mal, e só faziam piorar. Foi um período difícil. Ainda temos 12 milhões de desempregados. A reação do mercado de trabalho tende a ser mais lenta. As empresas voltarão a contratar quando sentirem maior firmeza na economia.

Ainda temos muitas coisas para acertar na economia. A reforma da Previdência está em pauta e será importante para definir o futuro do equilíbrio do Governo. Deveremos discutir reformas tributárias e trabalhistas em breve.

Temos ainda o lado político da história. A Lava Jato expos muito do que temos de errado no país. Outras investigações trarão mais desvios e crimes cometidos. Isso deverá sacudir o país, mas tendo a acreditar que não impedirá a nossa recuperação econômica. Passamos muito tempo andando na direção errada. Paramos, demos a volta. As pedras do caminho podem reduzir o passo, mas agora começamos a caminhar no sentido correto!

(*) Professor do Departamento de Economia da UFPE.

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