A reinvenção da cana
Futuro do setor sucroalcooleiro no etanol e energia
Investimento das usinas na produção sucroenergético é a saída para superar a crise, mudando o perfil do setor secular da economia local
Por: Rosa Falcão
Publicado em: 01/04/2015 08:00 Atualizado em: 01/04/2015 08:50
Produção de etanol é uma das saída para o setor sucoralcooleiro no mercado pernambucano. Foto: Teresa Maia/DP/D.A.Press |
Estudioso do setor sucroenergético e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Sérgio Kelner reforça que a alternativa de sobrevivência da atividade secular da cana-de-açúcar é a produção de etanol e de energia. “Não existe setor sucroalcooleiro competitivo. O setor competitivo é o sucroenergético, que produz açúcar (alimentos), álcool (transporte) e biomassa para gerar energia . Se não houver a transformação na mentalidade, se não mudar o perfil da indústria, o setor vai ficar restrito, e com poucas unidades em Pernambuco”.
Para o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool (Sindaçúcar), Renato Cunha, a volta da Cide e o aumento da mistura do álcool anidro à gasolina são duas medidas de política energética revigorantes. Tem razão. Com o abandono do Programa Nacional do Álcool (Pro-Ácool) , criado em 1975 para incentivar o uso do álcool combustível, o consumo do tipo hidratado despencou. Nem mesmo o apelo da sustentabilidade incentiva a troca do etanol pela gasolina.
Cunha espera que o preço do etanol fique mais atrativo no mercado interno e ganhe espaço para a gasolina. Em relação à produção de energia da biomassa da cana, ele aponta os gargalos: falta de incentivos e preço atrativo de comercialização da energia excedente gerada pelas usinas. O Sindaçúcar estima em R$ 100 milhões o investimento para montar as minicentrais de geração de energia, incluindo os equipamentos, as caldeiras e o processo produtivo. Pelos cálculos do setor, o retorno do capital investido só virá no período entre 10 e 12 anos.
Em Pernambuco, 10 usinas geram energia da biomassa para o consumo próprio e exportam o excedente. A escala de produção varia de 25 MW a 80 MW dependendo da sazonalidade dos canaviais. Uma delas, a Petribu, localizada na Zona da Mata Norte, montou um sistema de geração de energia a partir do bagaço da cana. O consumo é de 15 mil MW/hora e a comercialização é de 22 mil MW/hora de excedente durante a safra.
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