PANDEMIA

Especialistas explicam sobre mucormicose que acomete pacientes com Covid-19

Publicado em: 01/06/2021 20:02

 (Foto: AFP)
Foto: AFP
A Secretaria da Saúde de Santa Catarina declarou no último domingo que foi identificado na cidade de Joinville um caso suspeito de mucormicose (fungo preto). Na Índia o elevado crescimento destes casos já atingiu aproximadamente nove mil pacientes com Covid. O país inclusive decretou recentemente uma epidemia de mucormicose, que provoca uma infecção rara causada pelo fungo e tem taxa de mortalidade que varia entre 50% e 94%, dependendo do estágio da doença. 

Segundo reportagem publicada pela agência de notícias Sputnik, o professor de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), Fernando Zanotto, e o professor do Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Davis Ferreira, afirmam que os fungos são oportunistas e buscam invadir indivíduos com a imunidade debilitada. "Esses fungos são oportunistas. Quando nossa imunidade está baixa por alguma razão ou as condições certas aparecem em nossos organismos, eles se proliferam", garante Ferreira.

Além disso, de acordo com os especialistas, os fungos se encontram em praticamente todos os lugares, no entanto, em um momento de fragilidade causado pela pandemia, no qual as pessoas estão fechadas em casas, muitas vezes em locais com má ventilação, o cenário pode ser propício para os casos de mucormicose. Zanotto também esclareceu que a Covid gera uma resposta imune do paciente que destrói os vasos e esse tecido lesionado passa a ser infectado por fungos e bactérias. "Dependendo do quadro de gravidade que a pessoa com Covid-19 estiver pode ser algo extremamente desafiador, como seria tratar qualquer infecção oportunista em uma pessoa que já está em um quadro muito grave.", acrescentou.

Zanotto ainda pontuou que boas estratégias para se precaver de doenças oportunistas como o fungo preto é passear em praças ensolaradas e deixar as porta e janelas das casas abertas para trocar o ar. Essas medidas são efetivas porque reduzem a possibilidade de a pessoa inalar os poros dos fungos e ser infectada.

Novos surtos na Índia
Em meio à pandemia, a Índia além da epidemia de mucormicose também enfrenta um surto de fungo branco e agora o amarelo. O professor da UFRJ comentou sobre algumas das razões para a calamidade que atinge o país Sudeste Asiático. "Hospitais não estão dando conta há muito tempo. Muitas pessoas infectadas pelas ruas. Muita pobreza, muita falta de higiene, muita falta de remédios", disse Ferreira. Já Zanotto ressaltou ainda outros fatores como a densidade populacional, a qualidade das habitações e o saneamento básico.

Entretanto, ambos os especialistas são unânimes em afirmar que é cedo para avaliar como o fungo preto vai evoluir no Brasil, mas não acreditam que o país sofrerá com um surto parecido com o que a Índia atravessa. "Tem muitos fatores que impedem a gente de avaliar o que será no Brasil. Acho que o Brasil tem mais condições de conter esse fungo do que a Índia", comentou Ferreira.
Além do mais, Zanotto também considera que, agora que há um caso detectado no Brasil, os médicos estarão mais cautelosos e farão exames específicos para saber se as pessoas têm esse fungo ou fungos em geral.
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