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PALEONTOLOGIA

Registro raro de fósseis com mais de 100 milhões de anos é encontrado no Ceará

Por: Aline Melo

Publicado em: 25/05/2021 18:48

Larva de efêmera do grupo Hexagenitidae, proveniente da escavação controlada.  (Foto: Arquivo/Pesquisadores)
Larva de efêmera do grupo Hexagenitidae, proveniente da escavação controlada. (Foto: Arquivo/Pesquisadores)
Um raro registro fóssil de 100 milhões de anos, quando a África e a América do Sul ainda estavam se separando, foi descoberto na unidade geológica Formação Crato, no Ceará. Na mesma camada de rocha, pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e da Universidade Regional do Cariri (Urca) encontraram 40 larvas do inseto aquático pertencente ao grupo Ephemeroptera, conhecidos popularmente como “efêmeras”. 

Os fósseis de efêmeras estavam preservados e completos, insetos aquáticos são tidos  como bons bioindicadores por responderem com facilidades às alterações ambientais. A partir das análises do estudo, foi possível concluir que sofreram estresse climático. "O aumento da salinidade pode ter sido o principal responsável pela mortalidade em massa dos insetos. Isso ocorreu devido ao aumento de temperatura que reduziu o espelho d'água onde esses organismos viviam", explica a paleontóloga Flaviana Lima.

A descoberta foi publicada na revista Scientific Reports, do Grupo Nature. O artigo “Mass mortality events of autochthonous faunas in a Lower Cretaceous Gondwanan Lagerstätte” é a primeira análise tafonômica de uma mortalidade em massa de insetos da Formação Crato, ou seja, que conta a história dos eventos que ocorreram antes da fossilização dos organismos na unidade paleontológica na Bacia do Araripe. 

A pesquisa no sítio foi possível com a colaboração de uma equipe de pesquisadores, como detalha Flaviana: "Nós iniciamos um trabalho desafiador e pioneiro: realizar uma escavação com controle estratigráfico, ou seja, sabendo exatamente em quais níveis de rochas os diferentes grupos fósseis ocorrem. Nesta escavação que resultou no artigo, eu e uma equipe de estudantes de iniciação científica e professores fizemos a retirada das camadas de calcário laminado em níveis centimétricos, coletando todas as informações, bem como os fósseis que ali estavam preservados."
 (Foto: Arquivo/Pesquisadores)
Foto: Arquivo/Pesquisadores

Estudos sobre os eventos ambientais do passado do planeta e como eles afetaram os organismos daquela época, ajudam a interpretar tendências recentes e futuras. No caso da paleontologia, uma análise do passado para entender o futuro, como afirma Flaviana: "Com base nos fósseis, nós sabemos que os eventos de extinção em massa e as mudanças no clima ocorreram em vários momentos ao longo do Tempo Geológico. Dessa forma, poderíamos interpretar as mudanças climáticas atuais como algo 'comum' ao nosso planeta, no entanto, também nos mostra que o homem vem interferindo muito nesse processo, afetando as biotas atuais e mudando os ciclos ambientais em uma velocidade bem maior do que em qualquer outro momento da história do nosso planeta."
 (Foto: Arquivo/Pesquisadores)
Foto: Arquivo/Pesquisadores

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