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Cristian Cravinhos (Foto: Divulgação) |
Após o teste de Rorschach, realizado para identificar traços de personalidades de um indivíduo, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) pediu para que Cristian Cravinhos, de 48 anos, seja mantido na cadeia. A manifestação, que é contrária à progressão do preso para o regime aberto, foi apresentada à Justiça paulista na quinta-feira (30).
Condenado a 38 anos de prisão por participar do assassinato do casal von Richthofen, cometido em 2002, Cristian pediu para deixar a prisão, no ano passado, por já ter cumprido o tempo necessário para obter o benefício. A juíza responsável pela execução penal, no entanto, mandou que ele fosse submetido à nova avaliação antes de decidir sobre o caso.
O teste de Rorschach foi realizado em novembro de 2024, mas o resultado só foi apresentado no processo nesta semana. O laudo, ao qual o Diario de Pernambuco teve acesso, aponta que Cristian Cravinhos ainda mantém dificuldades em lidar com emoções, manifestaria “desinteresse pelos outros” e continua suscetível a “ações impulsivas e inadequadas”.
Segundo a avaliação, o preso “apresenta dificuldade em compreender e integrar suas emoções de maneira objetiva, resultando em reações que são frequentemente influenciadas por fantasias e ideias pouco realistas”.
“Os dados obtidos por meio da Prova de Rorschach indicam traços disfuncionais de personalidade, caracterizados por rigidez emocional e controle excessivo”, diz o documento. “Além disso, embora tenha conhecimento das normas sociais, Cristian não se identifica com elas, o que pode indicar dificuldade em internalizar valores sociais de maneira consistente”.
De acordo com a perita, as “limitações” apresentadas por ele “ interferem negativamente na qualidade de suas interações” e dificultam a “construção de respostas maduras e equilibradas às demandas do cotidiano”.
“Em circunstâncias cuja carga afetiva se torna mais intensa ou em situações de rebaixamento de consciência, existe a possibilidade de falhas de suas defesas, resultando em episódios de descontrole e/ou acting out, nos quais os impulsos reprimidos podem se manifestar em ações impulsivas e inadequadas”, registra.
Cristian Cravinhos
Conhecido pelo envolvimento no assassinato do casal von Richthofen, Cristian é o irmão mais velho de Daniel Cravinhos, o então namorado de Suzane von Richthofen na época do crime. Atualmente, ele é o único do trio que continua cumprindo pena no semiaberto da Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, em Tremembé, no interior de São Paulo, mais conhecida como a “Cadeia dos Famosos”.
Cristian até chegou a deixar a prisão em 2017, mas acabou detido durante uma confusão tentando subornar um policial e voltou à cadeia no ano seguinte. Também condenados pelos homicídios, Suzane e Daniel já conseguiram o benefício e hoje estão fora das grades.
Caso a progressão de regime seja concedida, o laudo do teste de Rorschach sugere que ele tenha “acompanhamento psicológico regular e monitoramento intensivo” para “minimizar os riscos de reincidência e promover maior integração social”.
Para o promotor Gustavo José Pedroza Silva, do MPSP, o resultado do teste foi desfavorável ao preso. Ele solicitou que a magistrada recuse a progressão de regime de Cristian Cravinhos.
“O indeferimento é de rigor se o laudo se posicionou contrariamente ou permitiu margem a dúvidas”, registrou o representante do MPSP, na manifestação, à qual a reportagem também teve acesso.
Com base na avaliação, o promotor alegou que Cristian apresenta “traços de imaturidade, percepção da realidade voltada para questões pessoais, a partir de sua própria perspectiva do mundo, sem compreender e levar em consideração a experiência do outro (sinal de falta de empatia)”.
O representante do MPSP também destacou a “propensão a concretizar impulsos reprimidos e tomar medidas irrefletidas e descontroladas” do preso. Para ele, as características apontadas no laudo “condizem com os crimes pelos quais foi condenado” e “igualmente permitem a conclusão de que o reeducando ainda necessita de melhorias no âmbito interno para que possa tornar ao seio da sociedade”.
A defesa de Cristian ainda não se posicionou sobre a manifestação do MPSP nos autos. No pedido de progressão, a advogada alegou que o preso tem comportamento classificado como “bom”, trabalha na cadeia, sempre voltou das “saidinhas temporárias” e já cumpriu mais de 50% da sua pena.