MEIO AMBIENTE
Brasil registra maior queda em emissões de gases de efeito estufa em 15 anos
Melhora nos resultados foi impulsionada por redução no desmatamento na AmazôniaPublicado em: 07/11/2024 16:59
Houve queda de 12% nas emissões de gases de efeito estufa no país (foto: Claudia Torres /Flickr) |
O Brasil registrou em 2023 uma queda de 12% nas emissões de gases de efeito estufa, a maior redução dos últimos 15 anos. Os dados, divulgados nesta quinta-feira (7/11) pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima, apontam para um avanço nas metas climáticas do país e são atribuídos, em grande parte, ao controle do desmatamento na Amazônia.
De acordo com o SEEG, o Brasil emitiu 2,3 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa em 2023 — o equivalente às emissões de aproximadamente 540 milhões de carros. Em comparação, em 2022 foram emitidas 2,6 bilhões de toneladas. Essa redução é a maior já registrada desde 2009, ano em que o país apresentou o menor nível de emissões da série histórica iniciada em 1990.
O principal fator por trás dessa queda nas emissões foi a redução do desmatamento na Amazônia em 30% em 2023, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A reversão das altas taxas de desmatamento que marcaram os anos anteriores foi vista como resultado das políticas de preservação ambiental implementadas no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após um período de sucessivos aumentos durante a administração do ex-presidente Jair Bolsonaro.
No entanto, o cenário é diferente em outros biomas brasileiros, onde as emissões de gases de efeito estufa registraram aumento naquele ano. O Pantanal, por exemplo, teve um crescimento de 86%; o Cerrado, 23%; a Caatinga, 11%; e a Mata Atlântica, 4%. Além da Amazônia, apenas o Pampa registrou uma redução de 15% nas emissões, mas esse bioma contribui com apenas 1% do total de emissões nacionais.
Em 2023, 98% das emissões de gases de efeito estufa foram provenientes do desmatamento. Foi emitido 1,04 bilhão de toneladas de gases, reforçando o impacto da devastação ambiental na contribuição brasileira ao aquecimento global. Em nível global, o Brasil ocupa a quinta posição entre os maiores emissores, sendo responsável por 3,1% das emissões globais, atrás de China, Estados Unidos, Índia e Rússia.
As mudanças no uso da terra responderam por 46% das emissões brasileiras, com um total de 1,06 bilhão de toneladas de CO2 emitidas, embora o setor tenha registrado uma redução de 24% em relação ao ano anterior. A agropecuária foi o segundo maior responsável, com 28% das emissões, um aumento de 2,2% em 2023. Esse é quarto recorde consecutivo do setor. O aumento está relacionado à ampliação do rebanho bovino e ao uso de fertilizantes nitrogenados e calcário, que emitem dióxido de carbono e metano.
A energia e os processos industriais também registraram aumentos em suas emissões no último ano. O setor energético apresentou um acréscimo de 1,1%, resultando em 420 milhões de toneladas de CO2, enquanto os processos industriais tiveram um aumento de 0,9%, somando 91 milhões de toneladas emitidas.
Recorte por estados
Os cinco estados brasileiros que mais contribuíram para as emissões em 2023 foram Pará (13,6% do total), Mato Grosso (13%), Maranhão (7,6%), Minas Gerais (7,4%) e São Paulo (6,7%). Essa concentração ocorre especialmente em regiões com alta atividade agrícola e pecuária, além de áreas de grande devastação florestal.
Mesmo próximo das metas climáticas para 2025, o Observatório do Clima alerta que, além de intensificar o combate ao desmatamento na Amazônia, é necessário expandir esses esforços para outros biomas, com uma meta de reduzir em 55% o desmatamento nessas regiões.
Confira as informações no Correio Braziliense.
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