AMEAÇA

Gavião-real está ameaçado por atividades de caça e desmatamento

A harpia enfrenta riscos significativos em seus habitats naturais, que incluem a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal, regiões sujeitas a queimadas e exploração ilegal

Publicado em: 12/09/2024 09:50

Na foto, gavião-real que, após ter sido resgatado em condições de maus-tratos, recebe cuidados no BioParque Vale Amazônia, em Carajás (PA), um dos principais centros de pesquisa, conservação e educação sobre a biodiversidade da Amazônia na região norte do Brasil  (Crédito: Anderson dos Santos de Souza)
Na foto, gavião-real que, após ter sido resgatado em condições de maus-tratos, recebe cuidados no BioParque Vale Amazônia, em Carajás (PA), um dos principais centros de pesquisa, conservação e educação sobre a biodiversidade da Amazônia na região norte do Brasil (Crédito: Anderson dos Santos de Souza)

O primeiro mapa genético do gavião-real, uma das maiores aves de rapina da América do Sul, foi divulgado hoje, na revista "Scientific Reports". O estudo revela que a espécie, também conhecida como harpia, atualmente classificada como vulnerável, está ameaçada por atividades humanas como caça e desmatamento. A harpia enfrenta riscos significativos em seus habitats naturais, que incluem a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal, regiões sujeitas a queimadas e exploração ilegal.

 

A pesquisa, conduzida por uma equipe de cientistas do Instituto Tecnológico Vale (ITV) e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), no Brasil, em colaboração com instituições dos Estados Unidos e do Qatar, destaca um declínio populacional acelerado do gavião-real nos últimos 20 mil anos. Esse decréscimo pode estar associado à chegada dos humanos na América do Sul. O trabalho é o primeiro a mapear completamente o genoma da espécie, oferecendo novas perspectivas sobre sua evolução e adaptação.

 

Os dados genéticos foram obtidos a partir da amostra de sangue de uma fêmea resgatada pelo Ibama, após ter sido baleada por caçadores ilegais na floresta amazônica. Alexandre Aleixo, pesquisador titular do ITV e líder do estudo, acredita que o mapeamento genético pode servir como base para a elaboração de um Plano de Ação Nacional para a recuperação do gavião-real. Segundo ele, a abordagem representa um avanço em relação aos métodos anteriores, que se baseavam apenas na estimativa da abundância populacional.

 

Na foto, gavião rcal que, após ter sido resgatado em condições de maus tratos. recebe cuidados no BioPargue Vale Amazonia em Canajas (PA, um dos principais
centros de pesquisa, conservação e educação sobre a biodiversidade da Amazonia na região norte do Brasil (Crédito: Ricardo Teles)
Na foto, gavião rcal que, após ter sido resgatado em condições de maus tratos. recebe cuidados no BioPargue Vale Amazonia em Canajas (PA, um dos principais centros de pesquisa, conservação e educação sobre a biodiversidade da Amazonia na região norte do Brasil (Crédito: Ricardo Teles)
 

 

O estudo também evidencia que o gavião-real é uma das poucas aves de rapina ameaçadas pela caça ilegal. De acordo com estimativas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), existem entre 100 e 250 mil indivíduos maduros da espécie, que está em declínio. O novo mapa genético não apenas melhora a compreensão da espécie, mas também viabiliza a formulação de estratégias de conservação mais eficazes.

 

Conforme os pesquisadores, o trabalho gerou novas informações sobre a evolução do gavião-real e de espécies relacionadas. A análise mostrou ainda que, ao contrário do que se pensava, as aves de rapina não seguem a mesma tendência de uniformidade cromossômica observada em outras aves, desafiando as generalizações sobre a genética dessas espécies.

 

Os cientistas pretendem expandir o trabalho em duas frentes. A primeira envolve o sequenciamento do genoma de mais gaviões-reais para identificar populações geneticamente diversas e as mais ameaçadas. A segunda se concentra na ampliação do mapeamento para incluir outros 80 genomas de referência, como parte da iniciativa Genômica da Biodiversidade Brasileira.

 

Segundo Aleixo, a equipe já tem 54 outras harpias cujo material genético foi sequenciado por completo. "Não no mesmo nível de detalhe e resolução que esse que saiu, mas a partir desse outro conjunto de dados a gente vai poder saber qual a população está mais ameaçada, qual a população pode fornecer indivíduos para serem introduzidos em outros locais que estão precisando de diversidade genética", disse ele. "A partir desses estudos que a gente vai ter uma ideia diferente sobre como manejar a diversidade genética da harpia, algo essencial para a manutenção da espécie a longo prazo."

 

O pesquisador do ITV também frisou que o grupo tem genomas de referência para outras 80 espécies da biodiversidade brasileira. "É um número ainda muito pequeno para a fauna. Os répteis, por exemplo, a gente só tem genomas completos para quatro ou cinco espécies." 

 

As informações são do Correio Braziliense. 

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