PRÊMIO

Militar brasileira concorre a prêmio de igualdade de gênero da ONU

A tenente-coronel Renata de Castro Monteiro Netto recebeu indicação ao prêmio de Defensora Militar da Igualdade de Gênero nas Nações Unidas 2023 por sua atuação no Sudão do Sul

Publicado em: 08/03/2024 09:56 | Atualizado em: 08/03/2024 10:00

A indicação ao prêmio é resultado de muita preparação técnica, trabalho e dedicação, diz a tenente (Crédito: Agência Verde Oliva/Imagem cedida ao Correio
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A indicação ao prêmio é resultado de muita preparação técnica, trabalho e dedicação, diz a tenente (Crédito: Agência Verde Oliva/Imagem cedida ao Correio )

Uma brasileira está entre as indicadas ao prêmio de Defensora Militar da Igualdade de Gênero das Nações Unidas 2023. A tenente-coronel Renata de Castro Monteiro Netto é a primeira militar do Exército Brasileiro a concorrer. A indicação é um reconhecimento por sua atuação no Sudão do Sul, onde exerce missão como observadora militar das Nações Unidas desde fevereiro do ano passado. Sua função é monitorar e reportar qualquer tipo de violação dos direitos humanos percebidas durante as patrulhas aéreas, ribeirinhas e motorizadas. O resultado da premiação deste ano deve ser divulgado no fim de maio, em Nova York, na sede das Nações Unidas.

 

"Desempenho a função desarmada, liderando as patrulhas, como símbolo de boa-fé e confiança. Levo o capacete azul como símbolo da presença da Organização (das Nações Unidas) em áreas de cessar-fogo", explica a tenente-coronel ao Correio.

 

A militar passou seis meses em Malakal, ao norte do Sudão do Sul, onde teve atuação fundamental para a proteção de civis. Entre maio e junho de 2023, ela ajudou a evacuar e a resgatar 70 crianças e 30 mulheres vulneráveis em meio a uma crise de violência e instabilidade no Campo de Proteção de Civis mantido pela ONU. A tenente-coronel coordenou o estabelecimento de uma área segura e negociou para que elas pudessem ser levadas em segurança.

 

"(Naquele momento), não me limitei a fazer apenas o previsto, busquei colaborar em todas as atividades que pudessem diminuir o sofrimento dos mais necessitados, e evitar que direitos humanos fossem violados, principalmente contra mulheres e crianças, que é a população mais vulnerável em momentos de conflitos", afirma a tenente-coronel. 

 

Durante as patrulhas, Renata conta que percebeu inúmeras situações de violência, entre elas, contra a mulher. "Sempre procurei dar voz às mulheres e mostrar a importância delas para o processo de paz (...) Eu procurei ser também a mão amiga e solidária, tão característica do nosso povo brasileiro."

 

Após seis meses em campo, Renata foi selecionada para trabalhar no Centro de Operações Conjuntas da Missão no Quartel-General em Juba, a capital do país, onde se encontra atualmente. Seu escritório é responsável pela coordenação de todos os movimentos de tropas, munição, patrulhas, comitivas, delegações e casos de evacuações aeromédicas.

 

Indicação

 

A indicação ao prêmio de Defensora Militar das Nações Unidas 2023 é resultado de muita preparação técnica, trabalho e dedicação, ressalta a tenente-coronel. "Sinto um orgulho imenso de bem representar a nossa bandeira do Brasil, com um histórico de sucesso em missões de paz, além disso, me sinto grata por todas as militares brasileiras que me antecederam nas missões e deixaram um legado lindo", acrescenta.  

 

Tenente Renata Monteiro
 (Crédito: Agência Verde)
Tenente Renata Monteiro (Crédito: Agência Verde)

 

A premiação foi criada em 2016 e já teve duas brasileiras vencedoras, em 2018 e 2019, ambas militares da marinha do Brasil. As indicações são feitas pelo Representante Especial do Secretário-Geral da ONU e pelo Comandante da Força Militar. 

 

Concorrem todos os militares que tenham se destacado no ano anterior por atuações voltadas para a equidade e paridade de gênero. Cada Missão de Paz escolhe seu representante, e uma comissão avalia as atuações dos concorrentes para a decisão final.

 

Carreira

 

Renata Monteiro sempre teve o sonho de ser militar, inspirada pelo pai, que era oficial da Marinha Mercante. "Ele usava farda, e sempre olhei para ele com muita admiração", lembra.

 

Atenente-coronel é formada em odontologia e especializada em endodontia. Entrou para o Exército em janeiro de 1996, como oficial temporária, na turma pioneira de médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários. Em 2000, passou a ser oficial de carreira do Exército. 

 

Para Renata, a vida militar é mais do que uma profissão, mas também uma decisão de vida que exige resiliência, dedicação, estudo e comprometimento. Às meninas e jovens que querem fazer parte do Exército, ela aconselha: "Venha fazer parte desse grupo de mulheres guerreiras, que dedicam suas vidas para servir à Pátria". 

 

As informações são do Correio Braziliense

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