ATAQUES NAS REDES

Dono da "Choquei" presta depoimento sobre morte de jovem de Minas

Jessica Canedo se suicidou após ser hostilizada na internet por um boato de que estaria se relacionando com Whindersson Nunes

Publicado em: 28/12/2023 20:32

Web pede que Raphael Souza, criador da página de fofoca "Choquei", seja responsabilizado pela morte de jovem (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Web pede que Raphael Souza, criador da página de fofoca "Choquei", seja responsabilizado pela morte de jovem (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
O proprietário da página de fofocas “Choquei”, Raphael Souza, prestou depoimento à Polícia Civil de Minas Gerais, nesta quinta-feira (28/12), no inquérito que apura as circunstâncias que levaram à morte de Jéssica Vitória Canedo. A jovem de 22 anos foi encontrada morta na última sexta-feira (22/12) em Araguari, no Triângulo Mineiro. A polícia investiga a possibilidade da garota ter sido induzida ao suicídio, depois de virar alvo de publicações da página de fofocas, que possui mais de 22 mil seguidores, que a apontaram como novo relacionamento do comediante Whindersson Nunes.
 
O boato envolvendo Jessica começou com prints falsos de uma conversa entre ela e Whindersson, postados pela primeira vez na página Grotox do blog e replicados por diversos perfis, entre eles o Choquei. Tanto ela quanto o influenciador negaram qualquer relação, porém os posts sobre o suposto romance só foram apagados após a morte da garota.

Em nota publicada nas redes sociais da “Choquei”, Raphael explicou que prestou esclarecimentos ao delegado e que apresentou documentos que “contribuem para elucidar o episódio” e “dar real dimensão do papel” da página no caso. Um dia depois que a morte da jovem foi informada pelos seus familiares, o site divulgou um comunicado oficial negando ter qualquer culpa pelo óbito e defendendo que exerceu a liberdade de expressão.
 
Na ocasião, a página afirmou que todas as publicações haviam sido feitas “com base em dados disponíveis no momento e em estrito cumprimento das atividades habituais decorrentes do exercício de direito à informação”. Além disso, a nota esclareceu que o compromisso do perfil é com a “legalidade, responsabilidade e ética na divulgação de informações dentro dos limites estabelecidos na Constituição Federal”.
 
Nesta quinta-feira, a empresa explicou que foi alvo de uma fake news, publicada por outro perfil das redes sociais e que “provas sobre o fato gerador da notícia falsa” foram entregues à Polícia Civil. “Foram disponibilizadas imagens de diálogos que mostram os procedimentos adotados assim que a falsidade foi descoberta, como retirada imediata do conteúdo falso republicado”, se defendeu a “Choquei”.
 
Responsabilização
 
O primeiro pronunciamento do perfil de fofocas não agradou as redes sociais. Desde a morte de Jessica usuários pedem a responsabilização do responsável pela “Choquei” por ter agido em prol dos ataques. Em vídeo divulgado pela Polícia Civil, na terça-feira (26/12), o delegado responsável pelo inquérito Felipe Oliveira Monteiro, afirmou que a investigação apura se houve o suicídio da jovem teria sido induzido, instigado ou auxiliado.

“Se ficar constatado que a Jéssica foi vítima de eventual crime contra a honra, é possível que a gente faça o desmembramento do inquérito policial para que instaure uma outra investigação, a depender da manifestação de vontade da família da vítima", disse.

O caso também foi usado de exemplo pelo Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Sílvio Almeida, e o comediante Whindersson Nunes, outra vítima da fake news, para defender a regulação das redes sociais.

“Tragédias como esta envolvem questões de saúde mental, sem dúvida, mas também, e talvez em maior proporção, questões de natureza política. A irresponsabilidade das empresas que regem as redes sociais diante de conteúdos que outros irresponsáveis e mesmo criminosos (alguns envolvidos na política institucional) nela propagam tem destruído famílias e impossibilitado uma vida social minimamente saudável”, publicou o ministro em seu perfil do X, antigo Twitter. 
 
"Iniciar um movimento para ver se contribui para a gente criar uma lei chamada Jéssica Vitória para aprimorar a legislação brasileira nesse negócio que está acontecendo agora, que é esse jornalismo não oficial. Que isso é muito perigoso. Tem gente que tem muito seguidor e diz que não é uma coisa oficial, mas é uma coisa que impacta de verdade", declarou Whindersson.

Procure ajuda
 
Caso você tenha pensamentos suicidas, procure ajuda especializada como o CVV e os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil. 
 
Confira a matéria no site do Estado de Minas.  

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