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PANDEMIA

Óbitos de grávidas por Covid-19 em 2021 já ultrapassam total do ano passado

Publicado: 04/05/2021 às 13:43

/Foto: Reprodução/Pixabay

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O Brasil registrou, nos quatro primeiros meses deste ano, 494 mortes maternas confirmadas por Covid-19, ultrapassando o total do ano passado, quando foram registrados 457 óbitos. Desde o início da pandemia, aproximadamente uma em cada quatro gestantes e puérperas mortas com SARS-Cov-2, não tiveram acesso a unidades de terapia intensiva (UTI), e 34% não foram intubadas, último recurso terapêutico.

Em 16 semanas epidemiológicas de 2021, a média semanal de óbitos, 30.88, foi o triplo da média registrada em 2020, de 10.16. Entre março de 2020 e 28 de abril de 2021, segundo atualização da base de dados SIVEP-Gripe, do Ministério da Saúde, foram 10.818 casos de síndrome respiratória aguda grave por Covid, com 951 óbitos (8,4%).

Outros 10.416 casos de registros de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com 261 mortes entre gestantes e puérperas que, na avaliação dos pesquisadores do Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19 (OOBr Covid-19), podem ser também episódios de SARS-Covid-19. Os dados foram divulgados na segunda-feira (3) pelo Observatório, criado para dar visibilidade a esse público específico. O propósito é oferecer ferramentas para análise e fundamentação de políticas para atenção à saúde de gestantes e puérperas em relação ao novo coronavírus.

O OOBr Covid-19 foi criado e é mantido por Rossana Pulcineli Vieira Francisco, docente do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP e presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo - SOGESP, Agatha Rodrigues, docente do Departamento de Estatística da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Lucas Lacerda (estudante de graduação em Estatística na UFES).

O Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19 (OOBr Covid-19) é um painel com análises dos casos de gestantes e puérperas notificados no SIVEP-Gripe, do Ministério da Saúde. Este projeto diponibiliza plataforma interativa de monitoramento, análise de dados públicos cientificamente embasadas e disseminação de informações relevantes da área de Saúde Materno-Infantil.

O Observatório Obstétrico Brasileiro conta com pesquisadores da UFES, USP e Centro Universitário FACENS e tem o financiamento da Fundação Bill-Melinda Gates, CNPq, DECIT e FAPES. 

São disponibilizadas as análises exploratórias dos dados, com visualização on-line, dinâmica e com filtragens escolhidas pelo usuário, além dos resultados de análises e modelos preditivos”, explica a professora Agatha Sacramento Rodrigues.

Ela destaca a intenção de avaliar os impactos das pandemias da gripe A, em 2009, provocada pelo vírus H1N1, e da Covid-19, em 2020, causada pelo novo Coronavírus (SARS-CoV-2), assim como identificar as diferenças entre elas e suas consequências na saúde materna e infantil para que seja possível desenhar políticas públicas para crises futuras.

“Por meio de chamada internacional, incentivamos pesquisadores a proporem projetos inovadores para a resolução de problemas em ciência de dados para melhoria da saúde das mulheres, das mães e das crianças no Brasil. Projetos nestes temas possuem grande relevância social, pois proporcionam dados que permitirão definir políticas públicas relacionadas à saúde materno e infantil, sendo estas muito importantes para melhoria da saúde e por consequência da qualidade de vida das mulheres e das crianças”, explicou a diretora técnico-científica da Fapes, Denise Rocco de Sena.
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