MEDIDAS

Diferentes estados do país apostam em lockdown para tentar frear Covid-19

Publicado em: 15/03/2021 08:48

 (Foto: Tania Rego/Agencia Brasil)
Foto: Tania Rego/Agencia Brasil
Apresentando recorde de vidas perdidas na semana que passou, o acumulado de óbitos no Brasil foi o maior da história da pandemia no país: 12.777 mortes para o novo coronavírus, um assustador e expressivo incremento de 26,4% em relação ao acumulado semanal anterior. Com UTIs lotadas e ritmo lento de vacinação, governadores e prefeitos tentam frear o vírus endurecendo as medidas. Em São Paulo, começa hoje a “fase emergencial”, ainda mais restritiva do que a fase vermelha. Todo o estado, incluindo a capital, contará com restrições a lojas de materiais de construção, teletrabalho em escritórios e órgãos públicos e proibição de cerimônias religiosas. Também houve restrição ao funcionamento de escolas estaduais, que entrarão em recesso a partir de hoje.

A Prefeitura de São Paulo abriu 19 unidades de assistência médica ambulatorial (AMA), ontem, para o atendimento exclusivo de pacientes com crises respiratórias. Hospitais-dia também vão atender pacientes transferidos de hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Toda essa estratégia tem apenas um objetivo: desafogar a demanda nos hospitais da cidade no atendimento aos casos do novo coronavírus. As unidades, que atuam na área de atenção básica de saúde, vão realizar procedimentos de baixa e média complexidade, como inalação, oxigênio e medicação. Serviços de urgência e emergências vão destinar esforços para os casos de maior complexidade.

O aumento da capacidade de atendimento ocorre em um momento em que o sistema de saúde sofre pressão pelo alto número de infectados e aumento do tempo de internação. Na primeira onda da pandemia na cidade, também era elevado o número de pacientes internados, mas, desta vez, os doentes demoram mais tempo para se recuperar, o que pressiona o sistema. Na cidade de São Paulo, a secretaria de saúde municipal informou que a rede alcançou 83% de ocupação para leitos de UTI.

Pós-colapso
Na região Norte, Belém e mais quatro cidades da região — Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara — entram em lockdown a partir de hoje, para tentar conter a transmissão do novo coronavírus. Com o bandeiramento preto, apenas os serviços considerados essenciais podem funcionar. A capital paraense alcançou, no sábado, 110% de ocupação dos leitos clínicos para o atendimento de pacientes da covid-19 administrados pela prefeitura. Nas unidades de terapia intensiva (UTI), o índice de ocupação chega a 94%.

De acordo com o secretário de Saúde do município, Maurício Bezerra, são 135 pacientes na lista de espera por um leito, sendo 29 para UTI e 107 para clínico. O secretário considerou absurda a superlotação nas unidades de urgência de Belém, que totalizam cinco UPAs e dois prontos socorros, e criticou a postura da população diante do não cumprimento das medidas restritivas. “A gente observa na rua como se nada estivesse acontecendo, muitas pessoas sem máscara, isso torna a situação preocupante para quem tem a responsabilidade de gerenciar o sistema de saúde Nós estamos entrando num colapso”, afirmou.

Na UPA da Sacramenta, na periferia de Belém, pacientes com baixa saturação tiveram que se dirigir para o Pronto Socorro do Guamá. Segundo um funcionário, com a superlotação, a unidade não dispõe de pontos de oxigênio. Na última terça-feira, uma paciente morreu à espera de transferência para um leito de UTI. “Os óbitos são diários. A UPA está operando com capacidade máxima e não tem condições de receber ninguém que precise de oxigênio, os equipamentos estão todos ocupados”, disse o funcionário.

Sobre o Pronto Socorro do Guamá, a prefeitura informou que está providenciando a transferência pacientes com quadros de patologias diversas para outros hospitais. Doentes com casos leves que podem ter acompanhamento em casa também estão recebendo alta, para liberar espaço ao atendimento exclusivo de casos de Covid-19. Com isso, serão disponibilizados mais 52 leitos de enfermarias e 25 de UTI. Ainda de acordo com a prefeitura, atualmente o município opera com 62 leitos clínicos e 26 de UTI para pacientes da Covid-19.

No Paraná, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), decretou lockdown, com validade de nove dias até domingo. A prefeitura lembrou que nos últimos dias abriu 154 UTIs para atendimento de casos de Covid-19, fazendo a estrutura chegar a 456 leitos críticos no total. “É um esforço imenso para evitar a transmissão. Pela primeira vez teremos lockdown”, declarou.

Ele explicou que supermercados, postos de gasolina, farmácias e outros serviços essenciais continuarão funcionando. Mas obras públicas e o funcionamento da indústria, do comércio e dos serviços não essenciais vão parar.

O Paraná tem uma das situações mais críticas do país em relação à ocupação do seu sistema de saúde. No início da última semana, possuía a maior fila de pacientes aguardando transferência, com 1.071 pessoas, 519 delas na espera por um leito de UTI.

Resistência
O governo catarinense tem resistido à ideia de adotar um isolamento mais rígido, principalmente ao uso do termo lockdown. Em março de 2020, Carlos Moisés (PSL) foi um dos primeiros governadores a adotar medidas mais rígidas contra a pandemia, restringindo todo o serviço não essencial. Nos meses seguintes, após envolvimento no escândalo da compra de respiradores da China pagos e nunca entregues, perdeu apoio político e popular. Às vésperas de ser julgado pelo caso dos respiradores no processo de impeachment, no próximo dia 26, Moisés decidiu reatar com os deputados e tem se mantido neutro diante do governo federal.

O secretário de Saúde, André Motta, afirmou, em entrevista à GloboNews, que o lockdown não tem efeito e negou a morte de pessoas por desassistência médica.

Em contrapartida ao lockdown, o governo do estado tem anunciado nas últimas semanas a abertura de novos leitos de UTI na tentativa de zerar a fila de espera. Um novo decreto, que passou a valer na sexta-feira, restringe a abertura do comércio apenas nos finais de semana.

1.127 mortes por covid em 24 horas
O Brasil registrou, ontem, 1.127 mortes em decorrência do novo coronavírus; o total de óbitos é de 278.229. Os dados são do Ministério da Saúde. O país é o segundo que mais pessoas perdeu para a pandemia, atrás apenas dos Estados Unidos (531.766, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças). O país também é o segundo com mais casos no mundo, posição retomada na sexta-feira. Desde setembro, era a Índia (11.359 048, segundo autoridades de saúde locais) que ocupava esse lugar. Nas últimas 24 horas, foram 43.812 infectados, levando o total a 11.483.370. Os Estados Unidos lideram o ranking de contaminações (29.229.162).

Praias vazias no Rio e em São Paulo
Praias do Rio estão fechadas em cumprimento ao decreto municipal. As novas restrições impostas pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, para tentar combater o avanço da Covid-19, entraram em vigor nesta sexta-feira(5) e vão se estender até a próxima quinta-feira(11), em um período inicial de teste.

Em São Paulo, as prefeituras de Santos, São Vicente, Itanhaém e Bertioga, no litoral de São Paulo, anteciparam o início do enrijecimento das novas regras do Plano São Paulo, previstas para entrarem em vigor hoje. Com isso, as praias ficaram vazias. Em São Vicente, alguns banhistas desobedeceram as medidas em Gonzaguinha, entrando no mar e praticando atividade física, o que é vetado. Já em Santos, em toda orla foram colocados gradis e telas separando o calçadão e a faixa de areia. Essa ação impediu a passagem de pessoas e foi criticada por parte dos idosos.
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