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SANGRIA

Wilson Lima, governador do AM, é alvo de operação da PF em ação contra desvios na saúde

Publicado: 30/06/2020 às 21:55

/Foto: Divulgação/Secom

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A Polícia Federal cumpriu nesta terça-feira (30) mandados de busca e apreensão na casa e no gabinete do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC). A ação faz parte da Operação Sangria, que investiga desvio de recursos federais usados no combate à epidemia do novo coronavírus.

Além da residência de Lima e da sede de governo, a PF cumpre outros 18 mandados de busca e apreensão e oito mandados de prisão temporária.

Entre os presos está a secretária de Saúde, Simone Papaiz. Ela, no entanto, assumiu o cargo em 8 de abril, após a negociação do contrato sob investigação. Ex-secretária de Saúde de Bertioga (SP), ela entrou no governo pouco antes do pico da epidemia no Amazonas.

Além das buscas na casa e no gabinete, Lima teve o seu celular apreendido em Brasília, onde estava em viagem oficial.

Ele é o terceiro governador sob investigação por suspeita de corrupção no uso de verbas para o combate da Covid-19. Wilson Witzel (PSC-RJ) e Helder Barbalho (MDB-PA) já foram alvo de ações semelhantes.

O principal foco da investigação é a compra de 28 respiradores de uma empresa importadora de vinho. Segundo perícia da PF, houve um sobrepreço de 133,67% em relação ao preço de mercado. O valor suspeito de desvio é de até R$ 2,2 milhões.

"Evidenciou-se o direcionamento da compra para empresa cuja atividade era/é a comercialização de vinhos. Os ventiladores mecânicos hospitalares entregues ao estado do Amazonas, pela referida empresa, não possuíam as especificidades técnicas necessárias para a adequada utilização no tratamento médico", afirma a PF, em nota.

Em nota, o governado do Amazonas afirmou que "aguarda o desenrolar e informações mais detalhadas da operação". "O governador Wilson Lima, que estava em Brasília para cumprir agenda de trabalho, está retornando para Manaus."

A operação foi batizada "Sangria" em alusão à importadora de vinhos suspeita de te participado do desvio.

A mesma compra é alvo de investigação da CPI da Saúde. Segundo documentos obtidos pelos parlamentares, em 2 de abril, a empresa Sonoar ofereceu os 28 respiradores, de dois modelos diferentes, à Secretaria de Saúde (Susam), a um preço total de R$ 2,48 milhões. A proposta não foi aceita.

Alguns dias depois, em 8 de abril, a Susam comprou 28 respiradores dos mesmos modelos por quase R$ 2,98 milhões de outra empresa, a importadora FJAP, especializada em vinhos. A compra, sem licitação, foi concretizada às 17h39, segundo a CPI.

Os parlamentares descobriram que, duas horas e meia antes de fechar o negócio com governo, a FJAP havia adquirido os equipamentos da Sonoar pelo preço inicial. Em seis dias, a diferença foi de R$ 496 mil a mais para os cofres públicos.

O manejo dos recursos e a gestão da crise da Covid-19 já provocaram a abertura de um processo de impeachment contra Wilson Lima e a criação da CPI da Saúde na Assembleia Legislativa do Amazonas.

O processo de impeachment, no entanto, foi suspenso em 26 de maio pelo Tribunal de Justiça do estado, que acatou o argumento do deputado Dr. Gomes (PSC) de que a tramitação não seguiu o regulamento interno.

O pedido de abertura havia sido feito no final de abril pelo Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam), que acusa Lima de crimes de responsabilidade e improbidade administrativa por mau uso de recursos públicos da saúde pública do Amazonas.
No início do mês, governador paraense, Helder Barbalho (MDB) também foi alvo de operação da Polícia Federal que apurar fraudes na compra de respiradores pulmonares.

Foram cumpridos 23 mandados de busca e apreensão no Pará, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Espírito Santo e Distrito Federal, após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O relator do caso no STJ, ministro Francisco Falcão, decretou a indisponibilidade de bens, valores, dinheiro e ativos, no montante de R$ 25,2 milhões de Barbalho e de outros oito investigados, sete pessoas físicas e uma empresa.

A PF apreendeu cerca de R$ 750 mil na casa de Peter Cassol, secretário-adjunto de Gestão Administrativa na Secretaria de Saúde do Pará e um dos investigados no inquérito que apura fraudes na compra de ventiladores. O dinheiro estava guardado em uma caixa térmica, embalado em papel de jornal. Antes de conceder entrevista coletiva sobre o caso, o governador Helder Barbalho exonerou Cassol.

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