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Suspeitos de hackear celulares de autoridades continuarão presos

Publicado em: 30/07/2019 13:30 | Atualizado em: 30/07/2019 13:51

(foto: Augusto Fernandes/CB/D.A Press)
A 10ª Vara Federal de Brasília decidiu manter presos os hackers suspeitos de invadirem celulares de centenas de autoridades da República, após audiência de custódia feita na manhã desta terça-feira (30). De acordo com o titular da vara, juiz Vallisney de Souza Oliveira, as defesas dos quatro envolvidos no hackeamento de aparelhos como o do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e o do presidente Jair Bolsonaro não apresentaram elementos que justificassem a suspensão das prisões temporárias, que expiram na próxima quinta-feira (1°). Dessa forma, os detidos permanecerão encarcerados até que haja uma nova decisão do juiz.

Walter Delgatti Neto, líder do grupo, Danilo Cristiano Marques e Gustavo Henrique Elias Santos seguirão presos na sede da Polícia Federal em Brasília. Já Suelen Priscila de Oliveira, que estava detida na Penitenciária Feminina da capital, a Colmeia, será transferida para a carceragem da PF. A justiça concordou com a mudança de presídio após um pedido da defesa, visto que Suelen alegou péssimas condições de encarceramento na prisão para mulheres.

A audiência de custódia desta manhã teve duração de aproximadamente duas horas. O procedimento, previsto na Constituição, permite aos presos relatar o tratamento que receberam na prisão. Gustavo Henrique foi o primeiro a ser interrogado pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira e pela representante do Ministério Público Federal (MPF), a procuradora da República Márcia Brandão. Segundo ele, na terça-feira (23), dia em que Polícia Federal deflagrou a Operação Spoofing, ele foi desrespeitado pelos policiais, que o algemaram pelado. 

"Estava dormindo quando os policiais estouraram a porta. Fui agredido verbalmente. Me chamaram de hacker, bandido e anunciaram a prisão. Só que eu não sabia o que estava acontecendo. Eu estava completamente nu e não me deixaram colocar roupa de jeito algum", lembrou. 

Segundo o suspeito, ele não tentou resistir à prisão. Ficou algemado desde o momento em que os policiais o tiraram da sua casa até quando chegou no Aeroporto Internacional de Brasília, na noite daquela terça-feira. "Durante a viagem inteira eu pedi para falar com meu advogado. Queria saber o que estava acontecendo, mas ninguém deixou. Só consegui contato quando estava na delegacia da Polícia Federal do aeroporto, e o advogado ligou para o delegado", afirmou Gustavo Henrique. 

Do aeroporto de Brasília, ele foi levado à sede da PF. Lá, o tratamento dos policiais não foi adequado, segundo o investigado. "Ficaram fazendo piadinhas. Diziam que eu ia invadir os celulares deles e outras coisas. Isso sem contar que não me deixavam nem escovar os dentes", criticou.
 
"Prefiro morrer do que voltar para lá"

Esposa de Gustavo Henrique, Suelen Priscila foi a segunda a falar. Muito abalada, ela caiu nos prantos e declarou ser inocente. "Eu nunca fiz nada para ninguém", repetia constantemente. Ela confirmou a declaração do companheiro do momento de abordagem da PF à residência dos dois. "Nos trataram muito mal, como se fôssemos bandidos. Xingaram o meu marido e pediam para a gente ficar quietos. Tentávamos conversar com eles, mas ninguém respondia", comentou.

Assim que chegou à Colmeia, Suelen Priscila declarou ter sofrido bastante. "Fiquei sem papel higiênico, sem absorvente e tive de tomar água do chuveiro. Não me deram nada para dormir na primeira noite. Também me chamaram de má", contou.

A investigada disse ter se sentido humilhada. Ao advogado de defesa, Ariovaldo Moreira, afirmou que prefere a morte do que voltar à Penitenciária Feminina. "Não sei o que estou fazendo aqui. Não tenho nada a ver com isso", lamentou.

Com as denúncias dos suspeitos, a procuradora Márcia Brandão solicitou uma cópia dos depoimentos do casal e garantiu que o MPF vai pedir à corregedoria da Polícia Federal para abrir uma investigação que apure eventuais exageros da ação dos policiais que escoltaram Gustavo Henrique e Suelen Priscila. 

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