Denúncia

MP pede prisão de prefeito afastado acusado de abusos sexuais no Ceará

Publicado em: 18/07/2019 11:26

José Hilson Paiva, médico e prefeito afastado, é acusado por diversas mulheres de abusos sexuais. Foto: Reprodução
O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) pediu, na noite dessa quarta-feira (17/7), a prisão do prefeito afastado de Uruburetama (CE), José Hilson de Paiva. O política e ginecologista é acusado de abusar sexualmente de pacientes. No pedido à Justiça, a promotoria alega que ele pode comprometer a investigação.

De acordo com o MPCE, mesmo afastado das funções de prefeito e médico, José Hilson de Paiva "é considerado influente no município e no meio político estadual, sendo capaz de, diretamente ou por interpostas pessoas, coagir, constranger, ameaçar, corromper, enfim, praticar atos tendentes a comprometer a investigação do Ministério Público e da Polícia Civil. O requerimento ratifica representação de prisão preventiva da Polícia Civil". 

José Hilson trabalhou como médico da Prefeitura de Cruz de 1992 a 2012, e manteve um consultório particular na cidade até 2018. Ele é acusado de praticar, desde 1986, o crime de abuso sexual e estupro de suas pacientes, conforme denúncias de mulheres que passaram por consulta ginecológica. Além disso, Hilson gravou 63 vídeos, filmados por ele próprio, com 23 pacientes. O material está em poder do MP.

Em nota ao Correio, a defesa do prefeito atribuiu a denuncia a fatos políticos. “Os registros audiovisuais divulgados são primitivos, datando de muitos anos atrás. Portanto, do ponto de vista penal, não se descarta a verificação da extinção da punibilidade em tais fatos remotos, atingidos pelo instituto da decadência”, diz o texto.

O advogado Leandro Vasquez também questiona o argumento de que José Hilson de Paiva poderia atrapalhar o caso. “Como poderia influenciar na investigação de fatos ocorridos no passado distante? Que atos concretos de interferência foram praticados? Ora, desde que tomou conhecimento de que havia tal investigação, o Sr. José Hilson manifestou por escrito sua disposição em colaborar com todas as autoridade envolvidas na apuração. Nos parece que a prisão ora postulada visa a satisfazer a opinião pública, e não ao Direito”, afirma.

Denúncias
As acusações contra o prefeito ganharam mais repercussão após reportagem no Fantástico, da TV Globo, mostrar o caso no último domingo (14/7). Nesta semana, após a matéria, o MP recebeu os depoimentos das primeiras quatro vítimas, que se apresentaram à delegacia após a divulgação dos vídeos na imprensa. Antes disso, nenhuma mulher havia denunciado o médico ao órgão.

Na última semana, José Hilson de Paiva foi procurado pela equipe de reportagem para se pronunciar sobre os vídeos. Ao sair da prefeitura, o médico foi abordado e afirmou que tudo não passa de "jogada da oposição querendo me derrubar". 
Ele confirmou que mantinha relações sexuais com pacientes fora do consultório e afirmou não ter feito "nada forçado". Além disso, Hilson explicou que os casos aconteceram com "umas três pessoas". Quando questionado sobre os vídeos e fotos feitos por ele, o médico disse que vai consultar seu advogado e se defender. 

Mas a primeira investigação contra o médico ocorreu em março de 2018, depois da divulgação dos primeiros vídeos dos abusos e após ouvir quatro mulheres, que se identificaram como vítimas do então prefeito. Assim, o MPCE solicitou informações à Polícia Civil, que logo depois resolveu abrir o inquérito policial. O inquérito foi concluído em dezembro de 2018, e a Polícia sugeriu o arquivamento. 

Já em junho deste ano, o órgão instaurou outro procedimento através do Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc) e, até o momento, seis vítimas e uma testemunha já foram ouvidas.

Ainda de acordo com o MP, em 15 de julho deste ano, foi instaurado outro inquérito policial em Uruburetama, quando novas vítimas começaram a ser ouvidas. "Pelo menos 18 vítimas já identificadas nas imagens exibidas pela imprensa serão convidadas para prestarem suas declarações o mais rapidamente possível", diz o órgão em nota.
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