ACIDENTE

Depois de mortes na Serra do Cipó, bombeiros alertam para risco de selfies em cachoeiras

Publicado em: 16/07/2019 13:35 | Atualizado em: 16/07/2019 14:35

No domingo, dois homens morreram afogados enquanto tentavam tirar a famosa foto na Cachoeira. Foto: Bombeiros / Divulgação
Em época de disputas de selfies, ganha quem tem prudência. No domingo, dois homens morreram afogados enquanto tentavam tirar a famosa foto na Cachoeira da Farofa, na Serra do Cipó, em Santana do Riacho, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os corpos foram encontrados ontem de manhã. O caso serve de alerta. A busca por fotografias em lugares extremos pode ser perigosa. De acordo com o Corpo de Bombeiros, os casos envolvendo a tecnologia têm sido recorrentes e é necessário maior conscientização acerca do risco. Ainda mais em época de férias escolares, em que locais como cachoeiras, lagoas, rios e represas são procurados para o lazer.

O grupo foi à Serra do Cipó se divertir e não esperava pela tragédia. Dois dos amigos faziam a foto sobre as pedras quando um deles, Victor Kennedy Almeida Afonso Pena, de 27 anos, escorregou e caiu no poço da cachoeira. Ismael Elias Maia, de 26, pulou e tentou salvá-lo, mas se afogou junto. O terceiro rapaz também tentou ajudar, porém, não conseguiu e, sem sinal no celular, correu até a portaria da Serra do Cipó para pedir socorro.

Cinco mergulhadores do Corpo de Bombeiros participaram do resgate, iniciado às 6h. Foram cerca de 40 minutos até a localização e retirada das vítimas. De acordo com o o subtenente Wellington, que participou do resgate, a corporação teve dificuldades na ocorrência: “Chegamos lá no domingo à noite, mas não dava para chegar à cachoeira, pois estava escuro e o local é de difícil acesso. Começamos os trabalhos hoje (ontem) de manhã, a água estava mais gelada que o normal”.

AVISO “Tem gente que acaba perdendo o limite do tolerável. A pessoa precisa ficar perto das pedras seguras, não tentar ir para o meio em lugares mais fundos se não sabe nadar bem, não se expor demais”, alerta o tenente Sandro Aloisio Matilde Júnior. Ele acredita que a busca por curtidas nas redes sociais expõe as pessoas a esse tipo de risco: “Vivemos em uma sociedade em que a imagem está cada vez mais relevante. As pessoas querem a melhor foto e perdem a noção do perigo”.
 
 Para ter uma foto campeã de curtidas, explica, é preciso atenção para não perder a vida. “Enquanto tira a foto, a pessoa perde toda a visão do que ocorre no lado externo da câmera. É um perigo. Tem gente olhando para a tela em locais de risco que escorrega, perde o controle e se acidenta”, acrescenta o tenente.
 
Neste ano, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais atendeu a 400 ocorrências de afogamento até maio. Em 2018, foram 937 casos, e 835 em 2017. O tenente Sandro, que já teve um amigo morto na Cachoeira da Farofa, alertou que as pedras de lá tendem a ser mais escorregadias, principalmente no período de férias. “São pedras muito lisas e que, quando molhadas, escorregam muito. Por ser uma cachoeira mais próxima da portaria, muitas pessoas vão para lá. Com muita gente entrando e saindo da água, as pedras ficam sempre molhadas”, explica.
 
O caso do afogamento de domingo também deixa o alerta para quem tenta resgatar a vítima. “O afogado tem instinto natural de preservar a própria vida. Ele tenta se salvar e acaba puxando a pessoa”, conta o tenente. A recomendação é nunca tentar salvar alguém mergulhando junto. Os bombeiros orientam jogar algum objeto que flutue. “Pode ser uma boia, bola, pedaço de madeira, pneu, qualquer coisa que ajude até a chegada dos bombeiros. Até uma garrafa PET fechada e vazia serve”, afirma o tenente Sandro. *Estagiária sob supervisão da subeditora Kelen Cristina

Acidente semelhante em setembro de 2018

Outro caso parecido ocorreu há menos de um ano no estado. Em setembro, uma jovem de 17 anos morreu afogada após cair em uma cachoeira na cidade de Santa Margarida, na Zona da Mata. Taynara Claudina Ferreira estava com duas primas na Cachoeira do Fabinho quando tentou tirar uma selfie com o telefone celular em uma área mais perigosa e acabou escorregando. As parentes da vítima contaram à polícia que, na queda, Taynara bateu a cabeça e foi levada pela água por aproximadamente cinco metros, até ficar submersa, presa nas pedras. As primas dizem que não conseguiram salvar a vítima e foram buscar ajuda. Voltaram 20 minutos depois com outro parente que resgatou a jovem das pedras. Taynara foi levada ao Hospital Dr. Jatyr Guimarães de Paula, mas já chegou sem vida. 

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