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Disputa comercial entre China e EUA pode beneficiar soja brasileira

Especialistas afirmam que essa queda de braço, resultado da política protecionista do governo de Donald Trump, pode favorecer alguns setores brasileiros a curto prazo, mas a longo prazo pode ser retrocesso

Publicado em: 13/07/2018 13:37

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Em resposta à sobretaxa imposta pelos Estados Unidos a produtos chineses, o país asiático anunciou medidas contra importações de produtos norte-americanos no último dia 6. A disputa comercial entre os dois gigantes já repercute na economia brasileira, por exemplo, com o aumento da procura pela soja, um dos produtos taxados pela China.

Especialistas ouvidos pela Agência Brasil apontam que essa queda de braço, resultado da política protecionista do governo de Donald Trump, pode favorecer alguns setores brasileiros a curto prazo, mas que em médio e longo prazo essa guerra pode representar um retrocesso para a economia global.

Pesquisador do Centro de Agronegócios da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro), Felippe Serigatti, avalia que essa disputa pode resultar em um crescimento econômico menor para os dois países, o que afetaria outras nações. “Isso não é bom nem para o Brasil nem para a economia mundial como um todo. No final das contas, ninguém exatamente sai ganhando com essa disputa”, apontou.

Ele lembra que setores como o da soja brasileira podem lucrar mais imediatamente ao suprir a demanda chinesa, mas isso pode gerar desequilíbrio com outros parceiros mundiais. Serigatti explica que o preço da soja aqui vinha ficando abaixo da cotação na Bolsa de Chicago, o que é positivo ao se vender para a China, mas pode implicar um preço incompatível com o mercado europeu.

“Se a soja no Brasil fica mais cara, o farelo de soja que sai daqui também fica mais caro, logo o nosso preço fica menos competitivo na Europa. Isso pode favorecer, por exemplo, o farelo de soja norte-americano, uma vez que a soja lá, comparado com o preço da soja aqui, está mais barato”, exemplificou.

O embaixador Rubens Barbosa, que atuou em Washington no início dos anos 2000, também avalia que a ampliação deste cenário de disputa será “ruim para todos”. “Vão aumentar o custo, o preço das commodities, afetando todo mundo, inclusive o Brasil. Uma guerra comercial nesse nível vai significar também uma redução do crescimento da economia e diminuição do comércio exterior”, disse em recente entrevista à TV Brasil.
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