Tragédias

Janeiro mortal: centenas de brasileiros perderam a vida no primeiro mês de 2018

Conflitos com vítimas dentro e fora dos presídios, acidentes violentos nas estradas e febre amarela fizeram do mês um dos com maior índice de mortalidade

Publicado em: 03/02/2018 10:46 | Atualizado em: 05/02/2018 11:46

Na BR-251, batida entre caminhão e micro-ônibus tirou a vida de 13 pessoas. Foto: Corpo de Bombeiros / Divulgação
Sob a omissão e a falência do estado, a violência abre o ano novo com a velha metralhadora giratória, engrossando as estatísticas, para muitos estados, daquele que já é considerado o janeiro mais sangrento da história. Foram mortes violentas em chacinas nas penitenciárias em Goiás e no Ceará, confrontos entre facções criminosas que levam as matanças para fora do sistema prisional, como no Bairro Cajazeiras em Fortaleza, troca de tiros diários entre policiais militares e o crime organizado nas comunidades do Rio de Janeiro, feminicídios, assassinatos por homofobia, acidentes nas estradas e agora, coroa as tragédias do primeiro mês do ano em números ainda não consolidados em estatísticas, a maior parte dos 213 casos confirmados e mais de 100 óbitos por febre amarela registrados de 1º julho de 2017 a 30 de janeiro, conforme levantamento do Estado de Minas.

Se na virada do ano as estradas federais abriram 2018 com a triste estatística de 987 acidentes, que deixaram 67 mortos e 1.008 feridos entre os dias 29 de dezembro e 2 de janeiro, em todo o país, o acidente mais grave do mês, ocorreu na cidade de Grão Mogol, no Norte de Minas, na BR-251, onde, em 13 de janeiro, treze pessoas morreram e 39 ficaram feridas quando um caminhão que transportava outra carreta no sentido de Montes Claros invadiu a contramão provocando a carnificina: colidiu com dois micro-ônibus, uma van e um outro caminhão. Nas estradas estaduais país afora, tampouco houve alento. O saldo mais dramático se verificou em 28 de janeiro, no Tocantins, quando a falha nos freios de um ônibus que transitava na TO-O40, nas proximidades do município de Dianópolis, provocou um capotamento e deixou um rastro de sete mortes e 20 feridos.

Com mais de 100 mortes no país, surto de febre amarela lota postos de saúde. Foto: Rodrigo Nunes/MS
O ano novo já nasceu com um velho massacre, que parece ter entrado no calendário do país. Em 1° de janeiro de 2017, a guerra entre facções criminosas no sistema prisional brasileiro provocou o pior massacre do gênero no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, chocou o mundo com a violência das mortes de 67 detentos. Exatamente um ano depois, 2018 nasceu sob outra carnificina. Nove presos morreram, alguns por decapitação e 14 ficaram feridos na colônia agroindustrial do regime semiaberto no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, em Goiás, no primeiro de três motins que se seguiriam. Vísceras de um dos presos foram retiradas e dependuradas em arame sobre os muros da unidade.

A crise de um sistema prisional superlotado, que registra em média dois presos por vaga segundo os dados mais recentes, de 2016, do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen) do Ministério da Justiça – voltou a gritar para o mundo. O Brasil, que tem a terceira maior população carcerária do mundo – são 726.712 encarcerados só perde para os Estados Unidos e a China – 40% dos quais ainda não sentenciados, assistiu chocado a mais uma carnificina que fechou o primeiro mês do ano. Na Cadeia Pública de Itapagé, no Norte do Ceará, a guerra entre facções criminosas matou 10 detentos em 29 de janeiro, dois dias depois da chacina no Bairro Cajazeiras, em Fortaleza, quando 14 pessoas foram mortas no ataque de um grupo criminoso a uma casa de shows.

Só no Ceará, ao longo de janeiro, foram 469 mortes violentas, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, o que constitui a mais alta frequência registrada, desde 2013, quando o governo estadual passou a consolidar a estatística. No Acre, este também foi o janeiro mais violento da história, com 47 homicídios, dos quais, 29 com armas de fogo. Ainda sem dados informados na maior parte dos estados, a sucessão das tragédias saltam das mídias e redes sociais.

 

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