Educação No dia do Enem, estudantes religiosos encaram "prova de resistência" Por questões religiosas, mais de 71 mil estudantes farão o Exame Nacional do Ensino Médio em regime especial. Adventistas esperam na sala com os demais inscritos, mas só começam a responder as questões depois do pôr do sol. Candidatos se dizem prejudicados

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 10/10/2015 08:21 Atualizado em:

Para mais de 71 mil candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a maratona de provas terá um ingrediente a mais de resistência. São fiéis, como judeus e adventistas, que guardam o sábado e, portanto, farão a prova em regime especial. Eles devem chegar ao local da prova entre as 12h e as 13h, como qualquer outro estudante, mas só começarão a responder as questões depois do pôr do sol, às 19h.

As horas de espera se tornam uma preocupação a mais para os sabatistas. A psicóloga Lívia Borges aconselha que, antes da prova, os alunos tentem relaxar e descontrair um pouco. E, no caso específico dos fiéis, procurem “colocar a mente no momento presente”. “Eles não devem ficar pensando lá na frente, isso só vai gerar mais ansiedade. O ideal é usar esse tempo para meditar e buscar amparo

Yudi Yamana, 17 anos, vai prestar o Enem pela primeira vez e demonstra preocupação. “Precisamos ficar esperando na mesma sala que os demais, o dia todo, em uma cadeira desconfortável. A gente se prepara e, no fim, vê que não adianta, porque existe uma desvantagem”, conta o estudante, que pretende cursar engenharia civil.

José Oliveira, 17, também é estreante no Enem e teme pelo que chama de “prova de resistência”. “A concorrência tem aumentado cada vez mais; a dificuldade das questões, também. Fico com receio de não resolver a prova com excelência, diferentemente daqueles que chegam e já podem começar.” De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep), dos 7.746.118 candidatos confirmados no exame deste ano, 71.195 são sabatistas.

A expectativa para a prova é um desafio até para quem já enfrentou a maratona antes. “É cansativo. Precisamos esperar muito tempo, mas é uma grande oportunidade, tem que aguentar para não deixar passar”, ressalta o estudante José Henrique Villela Neto, 17, que vai fazer a prova pela segunda vez. Se não estivessem esperando para fazer a prova, os jovens contam que o sábado serviria para ficar com os amigos da igreja, dedicando-se à família e a Deus.

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