Racismo Faxineira vítima de injúria racial em universidade do Sul de MG presta depoimento A mulher e outras duas funcionárias relataram que foram xingadas por estudantes enquanto limpavam o corredor da instituição no horário de intervalo das aulas

Por: Estado de Minas

Publicado em: 09/10/2015 19:51 Atualizado em:

O delegado Paulo Queiroz Ferreira, da delegacia de Passos, ouviu nesta sexta-feira três faxineiras que foram vítimas de injúria dentro da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Em depoimento, as vítimas relataram que foram xingadas por estudantes enquanto limpavam o corredor da instituição no horário de intervalo das aulas. Uma das funcionárias foi chamada de macaca. As estudantes envolvidas estão sendo investigadas por injúria qualificada. Se condenadas, podem pegar até três anos de prisão, além do pagamento de multas.

As agressões verbais aconteceram na última segunda-feira. Três funcionárias faziam a limpeza no corredor do prédio da faculdade quando as alunas começaram a se queixar do serviço. “Elas confessaram que por desatenção, começaram a limpar o corredor próximo ao horário do intervalo das aulas. Em um local, a água empossa próximo ao banheiro. Quando os estudantes passaram, as questionaram sobre o horário que estavam realizando o serviço”, explica o delegado Paulo Ferreira, responsável pelo caso.

Foi neste momento em que começou a discussão entre as funcionárias e as estudantes. As mulheres contaram ao delegado que uma delas chamou uma das universitárias de chata. “Uma das alunas ouviu e contou para a estudante que era alvo da mulher. Ela voltou, pressionou a faxineira contra a parede e perguntou pelo nome dela. Como ninguém respondeu, xingou as faxineiras de vacas, biscates e uma delas de macaca”, conta o delegado.

De acordo com Paulo Ferreira, a estudante acusada das ofensas teve que sair escoltada da universidade depois do fato. Além disso, vem sofrendo retaliações na cidade. Na próxima semana, testemunhas do caso serão ouvidas. Depois disso, as estudantes envolvidas na discussão também vão prestar depoimento. O caso está sendo investigado por injúria qualificada. O delegado pretende encerrar o inquérito dentro de duas semanas e encaminhar para a Justiça.

Em nota, a UEMG afirmou que repudia qualquer prática de discriminação, racismo ou intolerância. Disse, ainda, que foi instaurada sindicância para apurar a ocorrência, cabendo à unidade realizar as punições cabíveis, conforme o regimento da Universidade. A instituição afirmou que já solicitou que as funcionárias e as testemunhas sejam ouvidas sobre o ocorrido.

Manifestação
Rapidamente o caso repercutiu na faculdade. Na terça-feira um grupo de estudantes se uniu em uma manifestação. Com cartazes e até instrumentos musicais, aproximadamente 200 pessoas fizeram um ato dentro da universidade e depois saíram para as ruas. “O Coletivo SoulVoz repudia o ato de racismo que aconteceu dentro do campus da Universidade Estadual de Minas Gerais – Campus de Passos e exige que o caso seja investigado, que a aluna responsável pela ofensa e ataque às funcionárias da instituição seja devida punida e que seja oferecida às funcionárias da área serviços gerais toda a assistência necessário. O movimento negro passense acompanhará de perto o desenrolar desse processo. Nossa voz não será silenciada. Nossa luta continua dentro e fora da Universidade”, comentou o SoulVoz, de Passos, que se define grupo que discute e luta contra as múltiplas formas de opressão através do intercâmbio cultural.

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