São Paulo Unesp apura denúncia de trote universitário que remete à Ku Klux Klan Os alunos de medicina envolvidos refutaram, em comunicado, acusações de preconceito

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 31/03/2015 07:40 Atualizado em:

Alunos do sexto ano de Medicina da Unesp usam trajes parecidos com os da Ku Klux Klan
Alunos do sexto ano de Medicina da Unesp usam trajes parecidos com os da Ku Klux Klan

A Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) informou em nota que vai investigar o trote dos estudantes de Medicina do último 5 de março, no campus de Botucatu. Os alunos do sexto ano estavam vestidos com trajes que lembram a seita racista norte-americana Ku Klux Klan, conhecida por defender a supremacia branca com atos violentos – as imagens ganharam repercussão negativa nas redes sociais.

Em comunicado no Facebook, a turma responsável por organizar o evento negou caráter preconceituoso e referência intencional à Ku Klux Klan: “Em nenhum momento houve qualquer prática preconceituosa, que estimulasse o racismo, homofobia, preconceito religioso ou corroborasse ideias de qualquer seita de caráter opressor”. Os estudantes afirmam ainda que as imagens divulgadas foram tiradas do contexto. Na declaração, eles ressaltam que o evento anual sempre tem uma fantasia temática e que a escolhida este ano foi a de “carrasco”.

Vestidos com robes e capuzes pretos, os veteranos carregavam tochas e fizeram os calouros ajoelharem para serem “batizados”. As fotos do trote foram divulgadas nesse domingo (29/3) em página do Facebook dedicada a proteger vítimas e testemunhas de violência nas universidades. As imagens também estavam disponíveis na página da 48ª Turma da Faculdade de Medicina, mas foram tiradas do ar após a repercussão do caso.

CPI
A Unesp foi uma das instituições investigadas pela CPI das Universidades, responsável por apurar casos de abuso sexual e violência no ensino superior do estado de São Paulo. Alunos do campus de Botucatu denunciaram casos de estupro e até uma ocasião em que foram obrigados a cavar buracos, enterrados e forçados a consumir bebidas alcoólicas.

Em relatório final aprovado em 10 de março, a CPI propôs dois projetos de lei: a proibição do patrocínio de eventos estudantis por fabricantes de bebidas alcoólicas e a criação de um cadastro de antecedentes universitários, documento no qual seriam registrados o comportamento dos alunos e as punições recebidas. O relatório também registra 39 recomendações às instituições de ensino e às autoridades, como a abertura de inquérito de todas as denúncias recebidas.

O texto final da comissão recomenda que o Ministério Público analise potenciais irregularidades e omissões manifestadas por reitorias da Unesp, Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Campinas (Unicamp). Ainda sugere que a Unesp sancione os alunos de medicina responsáveis por compor hinos que violam os direitos humanos.

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