História Casa de Rui Barbosa inicia revitalização pioneira de seu jardim

Publicado em: 27/02/2015 21:43 Atualizado em: 27/02/2015 21:45

A Fundação Casa de Rui Barbosa, em Botafogo, no Rio de Janeiro, terá o primeiro jardim histórico do país nos moldes da Carta de Florença, da Organização das Nações Unidas para Educação e Cultura (Unesco). A cerimônia do lançamento do projeto ocorreu nesta sexta-feira (27), na presença do ministro da Cultura, Juca Ferreira, e coincidiu com a apresentação da nova presidenta da casa, Bia Calabre, historiadora e servidora da fundação. Vinculada ao Ministério da Cultura, a fundação dedica-se à preservação e à pesquisa da memória da sociedade brasileira, por meio de cursos, acervo e estudos.

De acordo com a diretora do Centro de Memória e Informação do local, Ana Pessoa, em fevereiro de 2016 deve estar concluída a restauração do jardim em que viveu a personalidade histórica Rui Barbosa - jurista, político, escritor e personagem importante na consolidação da República no Brasil.

%u201CEssa dimensão da natureza, do homem e da história são os elementos que envolvem a nossa batalha por esse jardim histórico. Um projeto dessa natureza envolve história, arqueologia, arquitetura, restauro de elementos ornamentais integrados, drenagem, paisagismo, irrigação, impermeabilização, iluminação, sinalização, mobiliário, instalações, acessibilidade. É de grande complexidade%u201D, completou ao informar que a restauração da fachada do museu deve ocorrer logo depois de terminado o jardim.

A área da casa e do jardim, de 6,2 mil metros quadrados, é um dos poucos espaços verdes no bairro de Botafogo, e por esse motivo muito frequentado pelos moradores. Uma das novidades do projeto é o novo sistema de iluminação e sinalização, que possibilitará atividades e visitação noturna ao jardim.

Todo o processo de revitalização e restauro será documentado em vídeo e fotos, e o resultado será um livro. %u201CUma reforma dessa magnitude é um processo muito raro no Brasil. Por isso, é fundamental que esse processo seja didaticamente documentado para que seja compartilhado e difundido para outros gestores de jardins históricos%u201D, declarou Ana Pessoa. Segundo levantamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Rio de Janeiro possui 40 jardins históricos.

O ministro Juca Ferreira ressaltou a importância da fundação na construção de políticas, nas artes e fortalecimento da cultura republicana na sociedade brasileira, que segundo ele ainda não foi totalmente instalada no país. %u201CO Brasil ainda tem pessoas mais iguais do que outras, onde as instituições não funcionam completamente, e a população às vezes se perde e chama de 'eles' esse emaranhado todo de instituições%u201D, declarou. %u201CAqui é um locus importante, considerando a figura de Rui Barbosa e sua importância para a transição institucional do Império para a República%u201D, comentou.

A revitalização e restauração do jardim está orçada em 5,6 milhões. Do total, aproximadamente R$ 1,2 milhão são recursos do Fundo Nacional de Cultura e R$ 3,6 milhões patrocinados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O restante será captado conforme Lei Rouanet e autorização do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). A Fundação Darcy Ribeiro é parceira do projeto e vai ajudar a administrar os recursos.

A casa começou a ser construída em 1850. Em 1893, Rui Barbosa e sua família se mudaram para o local, onde ele viveu até morrer, em 1923. Em 1930, a casa transformou-se em museu, durante o mandato do então presidente Washington Luiz, um de seus últimos atos antes da Revolução de 1930. Na época, o presidente plantou um Pau Brasil no jardim, ainda de pé.

A nova diretora, Bia Calabre, aproveitou a ocasião para agradecer ao ministro ter permitido que sua nomeação tivesse sido indicada inteiramente pelos servidores da casa. %u201CIsso é inédito no ministério, na fundação, mas era uma demanda muito grande nossa, de sermos ouvidos. Estávamos muito preocupados de termos sempre pessoas de fora, que não compreendiam exatamente as finalidades, a delicadeza das relações e a produção da pesquisa que acontece em um tempo diferente da política%u201D, disse ela.

As prioridades para os próximos quatro anos de gestão, segundo ela, são fortalecer o diálogo dentro da instituição e facilitar as produções da casa à população. %u201CProduzimos muito, mas somos poucos lidos, ou lidos mais pelos pares e especialistas. A ideia é fazer fluir essa produção de conhecimento para muito além dos muros da fundação%u201D.

As pesquisas da fundação abrangem desde história, política cultural, direito constitucional à museologia, preservação de arquivo e arquitetura, entre outros.

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