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DO CAMPO À MESA
Procura por lojas especializadas em orgânicos cresce 175%
Publicado: 09/05/2022 às 15:46

Supermercados e feiras são os mais procurados, mas registraram queda superior a 20% entre 2019 e 2021 (Divulgação/Organno)
De olho neste crescimento, a Organno, rede recifense especializada em produtos naturais, inaugurou sua primeira franquia. A unidade fica na Zona Norte do Recife, com um mix formado por mais de 3.500 itens. A expansão ocorre oito anos depois da fundação da primeira loja, na Zona Sul da cidade.
“Nosso objetivo principal é a consolidação da marca junto aos clientes, oferecendo um mix de produtos de excelência no mercado local, naturais, orgânicos, veganos e saudáveis”, afirmou. Todo o mix de produtos, segundo o empresário, é previamente selecionado e analisado, passando por um controle interno dos franqueadores, e por fim, chegando ao consumidor final.
Outra experiência bem-sucedida no ramo é o Armazém do Campo, em funcionamento no bairro de Santo Antônio, no Recife, desde 2019. A loja comercializa produtos vindos dos assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Região Metropolitana do Recife e da Zona da Mata.
Segundo Ramos Figueiredo, coordenador do Armazém do Campo, a loja teve que se reinventar com a pandemia. Foi preciso adotar o sistema de delivery para driblar a queda nas vendas. Mas, já é possível comemorar um crescimento. “Crescemos entre 35% e 40% no número de vendas nos últimos quatro meses”, afirmou.
No armazém, pode-se encontrar hortaliças, legumes, frutas, arroz, feijão, geléia e mel. Os produtos mais vendidos, segundo o coordenador, são os de hortifrúti, seguindo o que mostra a Pesquisa Nacional Organis 2021.
Enquanto isso, supermercados e feiras de produtos orgânicos registraram quedas de 21% e 45%, respectivamente, entre 2019 e 2021, quando eram procurados por 48% e 47% dos consumidores do país. “Até pouco tempo, a maior parte das vendas era realizada no varejo. Agora, grande parte é escoada nas feiras. Muitos produtores tiveram que adaptar sua produção para atender esse mercado”, disse o diretor da Organis, Cobi Cruz.
Logística é entrave para escoar a produção
Um dos gargalos para o avanço da expansão da rede de orgânicos no estado está na logística necessária para a chegada dos alimentos nos locais de venda. Um dos exemplos é o do produtor Sebastião Filho, 62 anos, que negocia semanalmente da feira de orgânicos de Boa Viagem. Ele precisa se deslocar do município de Moreno até o Recife por conta própria. Outros agricultores do ramo dependem de carros alugados ou dos ônibus das associações dos produtores.
“A ajuda que eu tenho é do meu filho e da minha mulher para carregar a kombi e na hora da feira. Mas o movimento é grande e com o tempo deu para conquistar uma clientela fiel que não deixa de vir, tem até quem espere a semana toda porque só compra com a gente. Acaba valendo a pena”, comentou ele.
De acordo com a pesquisa sobre a Dinâmica das Feiras Agroecológicas do Recife, realizada por estudantes do Departamento de Administração da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), a situação enfrentada por Sebastião é algo comum à realidade no estado.
O levantamento aponta que as associações de produtores agroecológicos são as maiores responsáveis pela organização da entrega dos produtos e pelo deslocamento dos produtores para as feiras. O principal modo de deslocamento é por veículos alugados, vindo em seguida os deslocamentos em ônibus próprios das associações e por veículos dos produtores.
Os pesquisadores da UFRPE entrevistaram pessoas que trabalham nas feiras de orgânicos do Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa-PE), e dos bairros de Boa Viagem, Graças e Dois Irmãos.
Movimento nas feiras volta a crescer no Recife
As feiras orgânicas são vitrines para os produtores rurais. Em Pernambuco, são 122 cadastradas na Secretaria de Desenvolvimento Agrário, colocando o estado na primeira posição do ranking de número de feiras do Nordeste. Quase metade delas (54) funcionam no Recife, segundo pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
Agricultora de Gravatá, no Agreste, Maria Aparecida Silva comercializa frutas, legumes e verduras na feira das Graças. “Não retomamos ao que era antes, mas, nos primeiros quatro meses do ano, houve um crescimento de vendas, em média, de 70%, comparado ao mesmo período de 2021”, afirmou.
No ranking estadual de feiras, depois do Recife aparecem Olinda e Jaboatão, com cinco cada, seguidos de Araripina, quatro; Camaragibe, três; Serra Talhada, Caruaru, Garanhuns, Sirinhaém e Petrolina, com duas feiras cada cidade.
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