Irã confirma que deteve Narges Mohammadi, ganhadora do Nobel da Paz
Mohammadi já foi detida 13 vezes, sendo condenada em nove ocasiões
Publicado: 12/12/2025 às 17:30
Foto de Narges Mohammadi, concedida pela fundação que leva o mesmo nome. Ela recebeu o prêmio Nobel da Paz pela ''luta contra a opressão das mulheres no Irã'' (AFP PHOTO / NARGES MOHAMMADI FOUNDATION)
Nesta sexta-feira (12), o governo iraniano confirmou a detenção, na cidade de Mashhad, da ganhadora do Nobel da Paz, Narges Mohammadi, juntamente com outros ativistas, durante uma cerimônia em memória de Khosrow Alikordi, advogado de direitos humanos que foi morto na semana passada.
"Esta detenção temporária foi realizada por ordem do Ministério Público e teve como motivo a expressão de slogans que violavam as normas. O Ministério Público acabou por intervir, detendo Mohammadi e outras pessoas para evitar problemas maiores e com o objetivo de proteger os próprios detidos. Outras facções poderiam ter reagido e provocado confrontos”, argumentou Hassan Hosseini, governador de Mashhad, capital de Razavi Khorasan.
Hosseini disse que o Conselho de Segurança da cidade tinha previamente coordenado a presença destas pessoas no funeral de Alikordi, sob o compromisso de realizar o evento num ambiente tranquilo. “Um grupo não respeitou esse ambiente e começou a entoar palavras de ordem fora da mesquita e gritar slogans contra a República Islâmica, incluindo morte ao ditador", acrescentou o governador.
Anteriormente, a Fundação Narges, dirigida pela família de Mohammadi, em Paris, ja tinha comunicado a sua detenção violenta, junto com os ativistas Asadollah Fakhimi, Akbar Amini, Hasan Bagherinia, Abolfazl Abri entre outros.
Mas, em seu discurso no cerimonial, a ativista de direitos humanos e direitos das mulheres Narges Mohammadi apenas declarou palavras de ordem como "Viva o Irã", de acordo com vídeos divulgados na conta pessoal na rede social X.
A ganhadora do Nobel da Paz 2023 estava em liberdade condicional por motivos de saúde e, no final de novembro ainda denunciou publicamente que as autoridades iranianas a proibiram permanentemente de deixar o país e que não emitiam seu passaporte para poder visitar os seus dois filhos, que não vê há 11 anos.
Mohammadi, de 53 anos, já foi detida 13 vezes, sendo condenada em nove ocasiões. Mas, ela continua a denunciar as violações de direitos humanos no Irã, incluindo a aplicação da pena de morte e a violência contra mulheres que não usam o véu islâmico, o hijab.