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Mais de 500 mil deslocados devido ao conflito entre Camboja e Tailândia

Os confrontos desta semana são os mais graves desde os cinco dias de violência registrados em julho, que resultaram em dezenas de mortos e cerca de 300 mil deslocados

Isabel Alvarez

Publicado: 10/12/2025 às 17:58

Tensão fronteiriça entre Camboja e Tailândia/AFP Photo/Agence Kampuchea Press AKP

Tensão fronteiriça entre Camboja e Tailândia (AFP Photo/Agence Kampuchea Press AKP)

Pelo terceiro dia consecutivo continuam os ataques nas regiões das fronteiras entre a Tailândia e o Camboja, que já causaram o deslocamento forçado de mais de 500 mil pessoas. Também já foram registradas até agora 13 mortes entre militares e civis.

O Ministério da Defesa tailandês comunicou que mais de 400 mil pessoas foram retiradas em sete províncias devido a uma ameaça iminente à segurança. Enquanto que no Camboja, outras 101.229 pessoas tiveram de procurar abrigo em centros de acolhimento ou casas de familiares.

São relatados combates em praticamente todas as cidades fronteiriças, com múltiplos focos de confrontos ativos. As mídias locais reportaram que caças F-16 tailandeses realizaram bombardeios em território cambojano, e mísseis e artilharia do Camboja atingiram várias zonas no lado tailandês. A violência já atinge hoje muitas áreas civis na Tailândia, inclusive num hospital em Surin, onde pacientes e funcionários tiveram de se refugiar num abrigo após a queda de mísseis.

Os meios de comunicação ainda noticiaram que as condições são bastante precárias nos campos de deslocados, com a maioria em tendas improvisadas e com falta de apoio e ajuda humanitária.

As forças armadas dos dois países se acusam mutuamente pelo reinício do conflito, que decorreu em julho. Em outubro, ambas as partes assinaram um acordo de paz promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que usou as tarifas como pressão para chegarem a uma trégua. Mas, com a atual intensificação das ofensivas, Trump adiantou que irá telefonar para os líderes tailandês e cambojano para travar o recomeço da guerra, classificando a sua intervenção como iminente.

Entretanto, a tensão entre os dois lados se agrava politicamente, uma vez que o chefe da diplomacia tailandês, Sihasak Phuangketkeow, afirmou que seu país apenas responde aos ataques e que não há qualquer potencial para negociações da parte do Camboja, denunciando que violaram acordos prévios.

Em contrapartida, o governo cambojano, sobretudo o presidente do Senado, Hun Sen, insiste em ações de retaliação. Além disso, o Camboja anunciou nesta quarta-feira (10), a sua saída dos Jogos do Sudeste Asiático, atualmente em curso na Tailândia, alegando sérias preocupações relacionadas com o conflito.

Os confrontos desta semana são os mais graves desde os cinco dias de violência registrados em julho, que resultaram em dezenas de mortos e cerca de 300 mil deslocados.


A Tailândia e o Camboja têm um histórico secular de hostilidades e de disputa territorial ligadas à demarcação considerada incompleta da fronteira de 800 quilômetros, que já causou conflitos armados no passado e no presente.

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