Cresce tensão entre a China e o Japão após instalação de mísseis perto de Taiwan
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Mao Ning, citou que é uma ação deliberada japonesa que cria uma tendência perigosa que deve causar alarme global
Publicado: 24/11/2025 às 13:36
A porta-voz do Ministério das elações Exteriores chinês, Mao Ning ( Pedro PARDO / AFP)
A tensão escala entre a China e o Japão após Pequim decidir enviar baterias de mísseis para as ilhas japonesas que ficam próximas de Taiwan.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Mao Ning, citou que é uma ação deliberada japonesa que cria uma tendência perigosa que deve causar alarme global.
"A decisão do Japão de colocar armas ofensivas nas ilhas do sudoeste adjacentes a Taiwan cria deliberadamente tensões regionais e provoca confrontos militares. Se juntarmos esse ato às declarações errôneas da primeira-ministra japonesa Sanae Takaichi relacionadas com Taiwan, estamos diante uma tendência extremamente perigosa que requer uma elevada vigilância dos países vizinhos e da comunidade internacional", afirmou Ning.
O líder de Hong Kong, John Lee Ka-chiu, também disse que os laços com o Japão devem respeitar a dignidade da China, no entanto não confirmou ainda um corte de relações com o consulado-geral japonês na região. “A relação com o Japão deve estar alinhada com a dignidade da nação e com os benefícios dos habitantes de Hong Kong. As declarações extremamente erradas da primeira-ministra japonesa deterioraram gravemente o clima para os intercâmbios entre a China e o Japão", acrescentou.
Mas, horas antes deste anuncio, a mídia japonesa noticiou que Hong Kong tinha ordenado o corte imediato das relações oficiais com o consulado-geral do Japão, tendo cancelado inclusive um programa de intercâmbio de estudantes devido ao agravamento da disputa diplomática ente os dois países por causa de Taiwan.
Recentemente Takaichi indicou que o governo japonês poderia recorrer à força se Pequim tentasse ocupar ou bloquear a ilha de Taiwan, algo que a China classificou de interferência intolerável.
"Estas palavras feriram profundamente os sentimentos do povo chinês e põem em causa a ordem internacional do pós-guerra. Nenhum chinês as pode aceitar. Isto nos faz duvidar da eficácia de muitos intercâmbios. Vamos acompanhar de perto o desenvolvimento", apontou John Lee.
O gabinete de Educação de Hong Kong comunicou a retirada de 18 estudantes e professores do programa JENESYS, uma iniciativa lançada por Tóquio em 2007 e na qual a antiga colônia britânica participava desde 2008. "Depois de avaliar o aumento de incidentes contra cidadãos chineses e de dar prioridade à segurança dos estudantes e professores, foi decidido não participar", informou o gabinete.
Além disso, Hong Kong suspendeu um fórum empresarial promovido pela agência governamental Invest Hong Kong, depois das autoridades locais proibirem a presença de pessoal consular japonês.
Foi igualmente cancelada uma reunião de alto nível sobre cooperação econômica prevista para o início de dezembro com o cônsul-geral do Japão.
A suspensão dos contatos está alinhada com a política estabelecida por Pequim, que desaconselhou viagens não essenciais ao Japão devido à deterioração contínua da segurança pública. Ass autoridades de Macau e Hong Kong seguirem o mesmo protocolo.
As agências de viagens locais já estão registrando quedas de cerca de 30% nas consultas para destinos japoneses.