° / °
Mundo
UCRÂNIA

Zelensky rejeita plano dos EUA para pôr fim à guerra com a Rússia

Para Zelensky, a "Ucrânia pode enfrentar uma escolha muito difícil: a perda da dignidade ou o risco de perder um parceiro-chave", os Estados Unidos.

AFP

Publicado: 21/11/2025 às 16:35

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky/LUDOVIC MARIN / POOL / AFP

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (LUDOVIC MARIN / POOL / AFP)

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, rejeitou, nesta sexta-feira (21), o plano dos Estados Unidos para pôr fim a quase quatro anos de guerra com a Rússia e garantiu que não "trairá" seu país.

O presidente russo, Vladimir Putin, assegurou, por sua vez, que o plano proposto pode "estabelecer as bases" para um acordo definitivo, embora ao mesmo tempo tenha ameaçado conquistar mais território caso Kiev o rejeite.

Para Zelensky, a "Ucrânia pode enfrentar uma escolha muito difícil: a perda da dignidade ou o risco de perder um parceiro-chave", os Estados Unidos, declarou o presidente ucraniano em uma mensagem à nação.

"Estamos atravessando um dos momentos mais difíceis da nossa história", acrescentou, afirmando que as propostas americanas prenunciam "uma vida sem liberdade, sem dignidade, sem justiça".

Vários meios de comunicação, incluindo a AFP, publicaram os 28 pontos do plano apoiado pelo presidente americano, Donald Trump, e que exige que Kiev ceda territórios ocupados à Rússia, renuncie à adesão à Otan, reduza suas Forças Armadas e organize eleições.

O mandatário republicano fixou o dia 27 de novembro, Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, como prazo para receber uma resposta de Kiev.

A Rússia iniciou a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022 e anexou a península da Crimeia em 2014.

Segundo Putin, a "Ucrânia e seus aliados europeus ainda se iludem e sonham em infligir uma derrota estratégica à Rússia no campo de batalha", e garantiu que Moscou está disposto, em caso de rejeição, a alcançar seus objetivos "pelas armas, no âmbito de uma luta armada".

Zelensky declarou que apresentará "alternativas" à proposta de Washington e assegurou que não "trairá" seu país.

Pouco depois, conversou sobre o plano com o vice-presidente americano, JD Vance, garantindo-lhe que "continua respeitando" a vontade de Trump de encerrar a guerra.

O presidente ucraniano também entrou em contato em caráter de urgência com líderes de França, Alemanha e Reino Unido, seus principais aliados frente à Rússia e aos Estados Unidos.

Segundo a Presidência francesa, os parceiros reafirmaram que "todas as decisões que tenham implicações para os interesses da Europa e da Otan requerem o apoio conjunto e o consenso dos parceiros europeus e dos aliados da Otan".

"Nada deve ser decidido sobre a Ucrânia sem a Ucrânia", insistiu a presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou, por sua vez, que qualquer "solução de paz" para a Ucrânia deveria respeitar sua "integridade territorial".

Concessões

Segundo o plano consultado pela AFP, Kiev deveria se comprometer a nunca entrar na Otan e não poderia implantar forças ocidentais em seu território, embora preveja a presença de aviões de combate europeus na Polônia para proteger o país.

A proposta retoma várias demandas formuladas pela Rússia e rejeitadas por Kiev, entre elas que a Ucrânia ceda o leste do país e aceite a ocupação de uma parte do sul da Ucrânia.

As duas regiões administrativas da bacia mineradora e industrial do Donbass, Donetsk e Luhansk (leste), assim como a península da Crimeia anexada em 2014, seriam "reconhecidas de fato como russas, inclusive pelos Estados Unidos", e Moscou receberia outros territórios ucranianos que ainda hoje estão sob controle de Kiev.

A Rússia também veria o fim de seu isolamento do Ocidente com sua reintegração ao G8 e a suspensão gradual das sanções, assim como seu desejo de afastar para sempre Kiev da Aliança Atlântica, algo que deveria ser inscrito na Constituição ucraniana.

Kiev precisaria, ainda, limitar seu exército a 600 mil militares e se contentar com uma proteção de aviões de combate europeus baseados na Polônia, enquanto a Otan se comprometeria a não estacionar tropas em território ucraniano.

Deveria, além disso, organizar eleições em menos de 100 dias, um ponto que atende às reivindicações de Moscou, que insiste na destituição de Zelensky.

Em Kiev, a palavra "capitulação" estava na boca de todos nesta sexta-feira.

"Espero de verdade que a parte ucraniana se recuse a implementar um acordo assim", declarou à AFP Danylo Domsky, um estudante de 18 anos.

Mais de Mundo

Últimas

WhatsApp DP

Mais Lidas

WhatsApp DP

X