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FAIXA DE GAZA

UE visa ter representatividade no Conselho para a Paz em Gaza

A declaração da Comissária Europeia para o Mediterrâneo, Dubravka uica, acontece após a aprovação pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas do plano de Trump para Gaza

Isabel Alvarez

Publicado: 19/11/2025 às 19:29

Comissária Europeia para o Mediterrâneo, Dubravka Šuica/AFP

Comissária Europeia para o Mediterrâneo, Dubravka Šuica (AFP)

A União Europeia objetiva estar representada no órgão de transição para a Faixa de Gaza, proposto pelo presidente dos Estados Unidos, anunciou a Comissária Europeia para o Mediterrâneo, Dubravka uica, cuja pasta também abrange o apoio do bloco aos territórios palestinos

“A UE deve ter assento no controverso Conselho para a Paz apresentado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, no seu plano de 20 pontos para Gaza. Se falamos de jogo limpo, então devemos ter um lugar neste conselho, com certeza. Somos os maiores doadores, não apenas financeiros, mas também atores", disse uica.

A declaração da Comissária acontece após a aprovação pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas do plano de Trump para Gaza. Ao ser questionada sobre se o bloco europeu já havia recebido um convite do presidente norte-americano, Suica se limitou a responder:: "Vamos ver".

Entretanto uma fonte da UE, sob a condição de anonimato, revelou que as negociações entre a UE e os EUA sobre a representação europeia no Conselho estavam em andamento e que o assunto deverá ser ainda discutido na reunião de quinta-feira (20), em Bruxelas, dos ministros das Relações Exteriores da UE.

O Conselho para a Paz em Gaza, apresentado pela primeira vez no início de outubro, seria presidido por Trump e supervisionaria a reconstrução e a recuperação econômica de Gaza, coordenaria a assistência humanitária e apoiaria uma administração palestina tecnocrática.

Entretanto, até agora sua composição é desconhecida, mas Trump afirmou essa semana que incluiria os líderes mais poderosos e respeitados em todo o mundo. Mas, o ex- primeiro-ministro britânico Tony Blair já foi mencionado no plano de paz como um dos seus membros. "Os membros do Conselho de Administração e muitos outros anúncios emocionantes serão feitos nas próximas semanas", prometeu Trump.

 

Reunião inaugural dos Doadores para a Palestina

Além disso, ainda nesta semana Suica e o primeiro-ministro palestino, Mohammad Mustafa, serão co-presidentes na primeira reunião do Grupo de Doadores para a Palestina, que irá centralizar os esforços de transição para o pós-guerra de Gaza. É esperada para o encontro a presença de aproximadamente 60 delegações internacionais, incluindo Europa e Oriente Médio.

uica adiantou que o grupo irá focar no que a UE pode fazer para capacitar a Autoridade Nacional Palestina (ANP), o órgão governamental liderado pelo partido poltico Fatah, que supervisiona partes da Cisjordânia ocupada. "Vamos tentar mostrar que a Autoridade Palestina pode, a certa altura, assumir alguns dos serviços do país, não só na Cisjordânia, mas também em Gaza", explicou uica.

A UE é o maior doador de ajuda aos palestinos, porém a maior parte das verbas para a ANP dependente dos progressos do órgão dirigente palestino em termos de reformas econômicas e de governação. No entanto, há preocupações crescentes de que o governo de Israel esteja levando os territórios palestinos para a beira do colapso fiscal ao reter as receitas fiscais devidas à ANP, uma prática que os peritos da ONU descreveram como um estrangulamento financeiro. "Precisamos que eles liberem as receitas fiscais para o povo palestino, o que não é o caso. Necessitamos de muitos compromissos diferentes também por parte de Israel. É claro que eles não são a favor da solução de dois Estados, mas, pouco a pouco, precisam dizer o que querem", apontou uica.

Os países da UE assumiam posições profundamente divergentes sobre a guerra em Gaza desde o seu início em outubro de 2023, o que muitas vezes dificulta a capacidade do bloco de tomar decisões em resposta. "Seria muito mais fácil se todos os Estados-membros reconhecessem um Estado palestino. Temos de reconstruir Gaza, mas não só nós. A Europa não pode fazer sozinha. É por isso que precisamos dos países do Golfo, mas também precisamos da administração norte-americana", afirmou a Comissária.

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