Eleições presidenciais no Chile indicam que candidatos da extrema-direita devem surpreender nas urnas
O primeiro turno das eleições presidenciais chilenas será no próximo domingo (16)
Publicado: 13/11/2025 às 16:05
O primeiro turno das eleições presidenciais no Chile acontece no domingo (16) (MARVIN RECINOS / AFP)
O candidato à presidência do Chile, o deputado da extrema-direita Johannes Kaiser, fundador do Partido Nacional Libertário, inspirado no presidente argentino, Javier Milei, terminou a sua campanha prometendo militares nas ruas, linha dura contra a criminalidade, defesa da Constituição neoliberal do ex-ditador Augusto Pinochet e a expulsão dos imigrantes ilegais do país.
Kaiser também endureceu os discursos contra os traficantes de droga, garantindo medidas severas, o que fez crescer nas sondagens e agora com possibilidade de chegar ao segundo turno. A disputa pelo segundo lugar nas pesquisas é com José Antonio Kast, também de extrema-direita, do Partido Republicano, enquanto a líder nas sondagens ainda é a candidata da coligação do governo, Jeannette Jara, da esquerda, que conta com o apoio do atual presidente chileno, Gabriel Boric.
Kast e Kaiser disputam o provável segundo turno, que acontecerá no dia 14 de dezembro. O escolhido receberia votos no segundo turno dos candidatos de direita com muitas chances de sair o vitorioso nas eleições.
"Vamos levantar o Chile da situação na qual nos meteram. Linha dura e economia livre é a resposta. O tráfico de drogas, o terrorismo e o crime organizado têm um partido político: é o Partido Comunista que mantém relações com o regime da Venezuela", disse Kaiser, em referência à candidata da esquerda, Jeannette Jara, líder nas sondagens.
As sondagens no Chile só podem ser divulgadas até duas semanas antes das eleições e os últimos levantamentos apontam que Jara lidera, com cerca de 30%, as intenções de voto, José Antonio Kast, de extrema-direita com 20% e Kaiser, em franca ascensão, estava tecnicamente empatado em terceiro lugar. Em quarto lugar, aparece a candidata da direita tradicional Evelyn Matthei.
Para a consultoria AtlasIntel, Jara tem 33,2%, Kast com 16,8% e Kaiser também com 16,8%. Sendo que os três candidatos da direita, todos de famílias alemães, superam os 50% dos votos, indicando a vitória daquele que conseguir passar ao segundo turno.
O primeiro turno das eleições presidenciais chilenas será no próximo domingo e as pesquisas apontam que a principal preocupação dos eleitores no país é a segurança e o crescimento da imigração. As pautas dominaram, inclusive, as campanhas dos candidatos e foi amplamente abordado no último debate antes do pleito.
Por sua vez, no debate Jara defendeu ir atrás do dinheiro do crime organizado. “Quero convocar os candidatos de direita a irem atrás daqueles que controlam o dinheiro do narcotráfico e do crime organizado. Isso, sim, é firmeza de verdade” declarou.
Já Kaiser, considerado o candidato mais radical da direita, aposta na plataforma de fechar as fronteiras com a Bolívia, expulsar os estrangeiros ilegais e construir campos de recondução na fronteira, assim como implementar reformas do poder judiciário, do sistema processual e do Ministério Público para combater o crime, com a pena de morte para delitos de violação. Além disso, indicou que vai conceder indulto aos polícias presos por reprimir violentamente as manifestações populares de 2019 e os presos por violação aos direitos humanos durante a ditadura (1973-1990) de Pinochet. No cenário internacional, quer retirar o Chile de tratados como o Acordo de Paris e o Tribunal Interamericano de Direitos Humanos.
Kast propõe a construção de um muro, a abertura de uma trincheira e o envio de 3 mil soldados para conter o fluxo de imigrantes, além do combate ao crime com prisões de segurança máxima, penas mais rígidas e o envio de militares e policiais para zonas de alta criminalidade.
Matthei é ex-ministra e ex-prefeita do rico bairro de Providencia, em Santiago, sendo avaliada como a mais moderada dos candidatos da direita. Seu pai foi membro da junta militar do ex-ditador Pinochet.
Enquanto isso, a taxa de homicídios triplicou na última década no Chile (de 2,5 para 6,7 por 100 mil habitantes), apesar do país ainda permanecer no posto de um dos mais seguros da América do Sul e Latina, segundo dados das Nações Unidas.