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RELATÓRIO

Relatório sobre o clima do planeta aponta que a Terra se aproxima do caos

Estudo assinala que 22 dos 34 sinais vitais da Terra atingiram níveis recorde

Isabel Alvarez

Publicado: 29/10/2025 às 16:27

Imagem da Nasa mostra o planeta Terra. Foto: NASA/AFP/Arquivos NASA/Imagem da Nasa mostra o planeta Terra. Foto: NASA/AFP/Arquivos NASA

Imagem da Nasa mostra o planeta Terra. Foto: NASA/AFP/Arquivos NASA (Imagem da Nasa mostra o planeta Terra. Foto: NASA/AFP/Arquivos NASA)

De acordo com o Instituto Americano de Ciências Biológicas, que publica o relatório do estudo anual sobre o clima do planeta, revelou hoje que a crise climática está acelerada a um ritmo alarmante. O documento apresenta provas contundentes de que o planeta se aproxima do caos climático.

O estudo realizado por uma equipe internacional de investigadores, co-liderado por William Ripple, da Universidade Estadual do Oregon, nos Estados Unidos, e por Christopher Wolf, da organização Terrestrial Ecosystems Research Associates (TERA), assinala que 22 dos 34 sinais vitais da Terra atingiram níveis recorde.

"Até a data, em 2025, o dióxido de carbono atmosférico está num nível recorde, provavelmente agravado por uma queda repentina na absorção de carbono pela Terra, em parte devido ao El Niño e a incêndios florestais intensos", afirmam os autores. Entretanto, os cientistas consideram que ainda se pode limitar o aquecimento global se houver ação ousada e rápida.

Os indicadores monitorizados do estudo incluem o consumo de energia, as emissões e concentrações de gases com efeito de estufa, as temperaturas globais, as massas de gelo, as condições oceânicas e os padrões climáticos extremos, que fornecem em conjunto uma visão abrangente das alterações climáticas e das suas causas. Para os investigadores, a confirmação de que o planeta viveu em 2024 o ano mais quente já registrado é um sinal do que classificam de escalada da turbulência climática.

"O aquecimento acelerado, o reforço de reações e pontos de inflexão tornam mais provável uma trajetória perigosa de intensificação do efeito de estufa”, alerta o relatório. O documento também ressalta riscos em cascata, incluindo uma potencial ruptura da circulação meridional do Oceano Atlântico, que poderá desencadear perturbações climáticas abruptas e irreversíveis, incluindo alterações drásticas nos padrões climáticos regionais, intensificação de secas e inundações e redução da produtividade agrícola em regiões chaves.

"São necessárias urgentemente estratégias de mitigação das mudanças climáticas que estão disponíveis e são economicamente viáveis. O custo da mitigação das alterações climáticas é provavelmente muito inferior aos danos econômicos mundiais que os impactos relacionados com o clima podem causar. Desde a proteção florestal e as energias renováveis até as dietas ricas em vegetais, ainda podemos limitar o aquecimento se agirmos com ousadia e rapidez", indicam.

O estudo destaca outras ações de mitigação como a redução da perda e do desperdício alimentar, que representam cerca de oito a 10% das emissões globais, e a restauração de ecossistemas degradados, como zonas úmidas. Além de enfatizarem o poder da ação coletiva. "Mesmo movimentos pequenos e não violentos sustentados podem mudar normas e políticas públicas, chamando a atenção para um caminho essencial a seguir no meio do impasse político e da crise ecológica. A maioria em quase todos os países apóia ações climáticas fortes. Estamos prejudicando desproporcionalmente os vulneráveis e marginalizados, que são os menos responsáveis pela crise. Mas, o futuro ainda está sendo escrito através de escolhas de políticas, investimentos e da ação coletiva”, diz o comunicado do Instituto Americano de Ciências Biológicas.

Também um novo relatório publicado nesta quarta-feira (29) na revista científica The Lancet afirma que o aumento da temperatura global mata uma pessoa por minuto em todo o mundo. Segundo os investigadores, os danos à saúde irão piorar com líderes como Donald Trump a reverterem às políticas climáticas e com as empresas petrolíferas a continuarem a explorar novas reservas.

A edição de 2025 do Lancet Countdown on Health and Climate Change foi liderada pela University College London em colaboração com a Organização Mundial da Saúde e produzida por 128 especialistas de mais de 70 instituições acadêmicas e agências das Nações Unidas.

“A taxa de mortes relacionadas com o calor aumentou 23% desde a década de 1990, alcançando uma média de 546 mil óbitos por ano entre 2012 e 2021. Isto equivale aproximadamente a uma morte relacionada com o calor a cada minuto ao longo do ano. É um número realmente alarmante e que está crescendo”, informou Ollie Jay, um dos investigadores.

O documento ainda adverte que a dependência dos combustíveis fósseis causa poluição atmosférica tóxica, incêndios florestais e a propagação de doenças como a dengue, matando milhões de pessoas todos os anos. Por outro lado, a redução da queima de carvão salvou cerca de 400 vidas por dia na última década, segundo os investigadores.

“Este relatório traça um quadro sombrio e inegável dos danos devastadores à saúde que chegam a pessoas de todos os cantos do mundo. A destruição de vidas e meios de subsistência continuará a aumentar até que acabemos com a nossa dependência dos combustíveis fósseis. Estamos assistindo milhões de mortes a ocorrer sem necessidade todos os anos devido ao nosso atraso em mitigar as alterações climáticas e ao nosso atraso em nos adaptarmos às alterações climáticas que não podem ser evitadas. Estamos assistindo líderes importantes, governos e empresas a recuarem nos compromissos climáticos e a colocarem as pessoas cada vez mais em risco”, alertou a líder do estudo, Marina Romanello.

Já o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, declarou que a humanidade não foi capaz de conter o aquecimento global em 1,5ºC, uma meta definida pelo Acordo de Paris, há dez anos. “É imprescindível mudar de rumo e com urgência”, instou.

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