EUA e União Europeia impõem novas sanções à Rússia
"Agora é o momento de parar o derramamento de sangue e de estabelecer um cessar-fogo imediato", acrescentou o Secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent
Publicado: 23/10/2025 às 19:07
Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent (foto: JIM WATSON/AFP)
A administração do presidente dos Estados Unidos Donald Tump anunciou que vai sancionar dois grandes grupos petrolíferos russos, Rosneft e Lukoil. Segundo um comunicado da Casa Branca, as novas sanções se devem a recusa do líder da Rússia, Vladimir Putin, em parar a guerra insensata contra a Ucrânia. “Agora é o momento de parar o derramamento de sangue e de estabelecer um cessar-fogo imediato”, acrescentou Scott Bessent, Secretário do Tesouro norte-americano.
As sanções contra a Rosneft e a Lukoil, assim como dezenas de subsidiárias, seguiram meses de pressão bipartidária sobre Trump para que sancionasse o Kremlin de maneira mais rigorosa no seu setor petrolífero.
Após a declaração de Washington, Trump disse que espera que estas sanções contra estas duas grandes companhias petrolíferas russas sejam de curta duração, porque quer um término próximo para a guerra na Ucrânia. "São sanções enormes. E esperamos que não durem demasiado tempo. Esperamos que se ponha fim à guerra. Sempre que falo com Putin, temos boas conversas, mas depois não dão em nada", afirmou o presidente dos EUA quando recebia no Salão Oval da Casa Branca o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Mark Rutte.
A União Europeia também aprovou hoje a implementação do seu 19º pacote de sanções à Rússia. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, avaliou que, com a aprovação dos 27 membros no Conselho, a UE continua a exercer forte pressão sobre o agressor. “Pela primeira vez, estamos atingindo o setor do gás russo, o coração da sua economia de guerra. Não cederemos até que o povo da Ucrânia tenha uma paz justa e duradoura”, escreveu nas redes sociais.
A alta representante para a Política Externa e a Política de Segurança, Kaja Kallas, que divulgou a aprovação das novas sanções, informou que este pacote inclui um bloqueio total das importações de GNL russo a partir de 1 de janeiro de 2027, mais restrições financeiras que impedem transações com bancos da Rússia e instituições em países terceiros e medidas contra os sistemas de pagamento russos.
"Acabamos de adotar o nosso 19 º pacote de sanções, que atinge bancos russos, bolsas de criptomoedas, entidades na Índia e na China, entre outros. A UE está restringindo os movimentos dos diplomatas russos para combater as tentativas de desestabilização", adiantou a chefe da diplomacia da UE.
Kallas, além disso, destacou que o bloco também avança com a proibição do gás natural liquefeito russo e visa a “frota fantasma” da Rússia, que já conta com mais de 118 navios sancionados, e impõe limites à exportação de tecnologias sensíveis, como inteligência artificial, dados geoespaciais e componentes metálicos críticos.
As empresas chinesas, indianas de outros países que apóiem a indústria militar russa também foram incluídas nas sanções. "É cada vez mais difícil para Putin financiar esta guerra", pontuou.
A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, ressaltou que a adoção do pacote é mais um passo crucial no sentido da UE se afastar dos combustíveis fósseis russos. “Temos de garantir que o impacto das sanções seja máximo e que todas as lacunas sejam resolvidas, porque não se trata apenas de apoiar a Ucrânia, mas da segurança coletiva”, frisou.
Por sua vez, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky saudou as sanções anunciadas pelos EUA e EU, classificando-as como uma mensagem forte. "Estávamos à espera disto. Esperamos que funcione; é muito importante. É possível alcançar um cessar-fogo na Ucrânia, mas é necessário mais pressão sobre Moscou para que isso aconteça", afirmou ao chegar a Bruxelas para uma cúpula europeia.
Reação do Kremlin
Putin assegurou hoje que o setor energético da Rússia se sente confiante, apesar de que as novas sanções dos EUA possam ocasionar algumas perdas. O dirigente russo qualificou as sanções norte-americanas como graves, sendo um ato hostil, e que terão consequências nas relações bilaterais com Washington. Porém, manifestou disponibilidade para prosseguir o diálogo sobre o conflito na Ucrânia. “São uma tentativa de pressionar o Kremlin, mas não terão um impacto significativo na economia do país. A nossa resposta a ataques profundos na Rússia será muito séria e avassaladora, mas nunca cederemos à pressão externa.
No entanto, assinalou que uma queda acentuada na quantidade de petróleo russo no mercado levaria a aumentos de preços. Segundo a agência estatal russa RIA, a situação foi discutida com Trump, a quem Putin explicou o impacto da decisão nos preços globais, inclusive nos Estados Unidos.
Já Maria Zakharova, porta-voz da chancelaria russa, disse que seu país espera que a administração Trump continue a compartilhar as suas considerações e motivos em relação às medidas que estão sendo tomadas para um acordo de paz na Ucrânia.
"O Ministério das Relações Exteriores da Rússia, por sua vez, está aberto a contatos contínuos com o Departamento de Estado dos EUA, em cumprimento aos acordos alcançados durante a conversa telefônica entre os presidentes da Rússia e dos EUA em 16 de outubro", adiantou.
Trump divulgou ontem o cancelamento de uma reunião prevista entre ele e Putin em Budapeste.