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MADAGÁSCAR

Militares tomam o poder em Madagáscar após destituir o presidente

No total, 130 dos 163 deputados, votaram a favor da deposição de Rajoelina

Isabel Alvarez

Publicado: 14/10/2025 às 18:59

Membros da unidade CAPSAT do Exército de Madagascar/LUÍS TATO / AFP

Membros da unidade CAPSAT do Exército de Madagascar (LUÍS TATO / AFP)

O grupo militar que se aliou ao movimento de protesto popular contra o presidente de Madagáscar, Andry Rajoelina, declarou nesta terça-feira (14) que logo após a votação da Assembleia Nacional destituiu o chefe de Estado.

"Vamos tomar o poder a partir de hoje e dissolver o Senado e o Supremo Tribunal Constitucional. A Assembleia Nacional continuará a funcionar", afirmou o coronel Michael Randrianirina.


No total, 130 dos 163 deputados, mais do que a maioria de dois terços exigidos, votaram a favor da deposição de Rajoelina, que normalmente teria de ser aprovada pelo Supremo Tribunal Constitucional.


Além disso, milhares de manifestantes madagascarenses voltaram a se concentrar hoje em Antananarivo, capital do país. Já as mobilizações da população tiveram inicio devido aos frequentes cortes de água e eletricidade, mas foram impulsionadas pelo movimento Gen Z. O movimento contra o governo ainda foi apoiado por funcionários públicos que convocaram uma greve geral articulada por vários sindicatos e exigiu a demissão de Rajoelina, cuja proposta de diálogo nacional foi recusada pelos organizadores.


Também pelo menos 22 pessoas foram mortas durante as manifestações e cerca de 100 ficaram feridas, segundo uma estimativa de um balanço realizado pelas Nações Unidas em 29 de setembro.


Rajoelina, que fugiu do país num avião militar francês no domingo, de acordo com publicação da rádio francesa RFI, disse que a sessão de destituição não possui qualquer base legal e que irá realizar diversas visitas oficiais previstas a países amigos, membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral.

Andry Rajoelina chegou ao poder pela primeira vez em 2009, empossado pelos militares depois de uma revolta popular. O Corpo de Administração de Pessoal e Serviços do Exército Terrestre (CAPSAT), unidade militar que desempenhou um papel essencial no golpe de Estado em 2009, inverteu o equilíbrio de forças ao se unir, no último sábado, às manifestações da população que começaram em 25 de setembro. Os seus oficiais ainda apelaram às forças de segurança para que se recusassem a disparar contra os manifestantes, antes de se juntarem a estes no centro da capital. Estes protestos são os piores que tomaram a ilha há anos e o maior desafio que Rajoelina enfrentou desde a sua reeleição em 2023.

Madagáscar é um dos países mais pobres do mundo, com quase 75% da população vivendo abaixo do limiar da pobreza, além de ter uma longa história de revoltas populares seguidas pela instauração de governos militares de transição.

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