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OMS alerta sobre a ameaça do elevado aumento da resistência aos antibióticos

A OMS adverte que a resistência é mais comum e se agrava em regiões onde os sistemas de saúde não têm capacidade para diagnosticar ou tratar agentes patogênicos bacterianos

Isabel Alvarez

Publicado: 13/10/2025 às 13:44

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, cobrou um maior esforço político para a vacinação/Foto: AFP

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, cobrou um maior esforço político para a vacinação (Foto: AFP)

A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou um novo relatório que aponta a resistência aos antibióticos monitorizados, com um aumentou em mais de 40% entre 2018 e 2023, o que representa uma crescente a saúde global. Mas, a OMS adverte que a resistência é mais comum e se agrava em regiões onde os sistemas de saúde não têm capacidade para diagnosticar ou tratar agentes patogênicos bacterianos.

"A resistência antimicrobiana está ultrapassando os avanços da medicina moderna, ameaçando a saúde das famílias em todo o mundo. À medida que os países reforçam os seus sistemas de vigilância da resistência antimicrobiana, é preciso usar os antibióticos de modo responsável e garantir que todos tenham acesso aos medicamentos certos, aos diagnósticos com garantia de qualidade e às vacinas. O nosso futuro depende também do reforço dos sistemas de prevenção, diagnóstico e tratamento de infecções e da inovação com antibióticos de última geração e testes moleculares rápidos no local de prestação de cuidados", declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

O documento mostra que uma em cada seis infecções bacterianas confirmadas em laboratório e que provocaram em 2023 doenças comuns em pessoas de todo o mundo eram resistentes aos tratamentos com antibióticos, com um aumento médio anual de 5 a 15%. Os dados reportados ao Sistema Global de Vigilância da Resistência e Uso de Antimicrobianos (GLASS, na sigla em inglês) da OMS por mais de 100 países apresentou ainda que a resistência aos antibióticos é maior no Sudeste Asiático e no Mediterrâneo Oriental, onde uma em cada três infecções notificadas era resistente. Na África, surge em uma em cada cinco infecções.

O relatório também demonstra pela primeira vez, estimativas de prevalência de resistência a 22 antibióticos usados para tratar infecções do trato urinário e gastrointestinal, da corrente sanguínea e os utilizados para tratar a gonorréia. O texto abrange oito agentes patogênicos bacterianos comuns, entre eles, o Acinetobacter spp., Escherichia coli (E.coli), Klebsiella pneumoniae, Neisseria gonorrhoeae, Salmonella spp. não tifóide, Shigella spp., Staphylococcus aureus e Streptococcus pneumoniae, cada qual associado a uma ou mais destas infecções. As infecções bacterianas mais graves resultam frequentemente em sépsis, falência de órgãos e morte.

“As bactérias Gram-negativas resistentes aos medicamentos estão se tornando mais perigosas em todo o mundo, sendo que a maior carga recai sobre os países menos equipados para responder”, destaca o novo relatório. Além disso, mais de 40% das E. coli e mais de 55% das K. pneumonia em todo o mundo são agora resistentes às cefalosporinas de terceira geração, que é o primeiro tratamento escolhido para estas infecções. Já no continente africano a resistência neste caso ultrapassa os 70%.

Mas, o relatório alerta que outros antibióticos essenciais para salvar vidas estão perdendo a eficácia e a resistência que era antes rara, se tornou frequente, restringindo as opções de tratamento e obrigando a dependência de antibióticos de último recurso, que são caros, de difícil acesso e normalmente indisponíveis em países de baixo e médio rendimento.

Já a participação dos países no GLASS cresceu mais de quatro vezes, com 25 países em 2016 e 104 países em 2023. No entanto, a organização avisou que 48% não reportaram dados em 2023 e cerca de metade dos países que o fizeram ainda não tinham os sistemas necessários para gerar dados confiáveis. A OMS apelou a todos os países para que reportem dados de elevada qualidade ao GLASS até 2030.


“Atingir esta meta exigirá uma ação concentrada para reforçar a qualidade, a cobertura geográfica e o compartilhamento de dados de vigilância da resistência antimicrobiana para acompanhar o progresso. Para combater o crescente desafio da resistência antimicrobiana os países devem se comprometer em reforçar os sistemas laboratoriais e a gerar dados de vigilância fiáveis. Também se deve ampliar as intervenções coordenadas destinadas a combater a resistência antimicrobiana a todos os níveis de assistência médica e assegurar que as orientações de tratamento e as listas de medicamentos essenciais estão alinhadas com os padrões locais de resistência", diz a organização.

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