Israel intercepta mais uma flotilha com ajuda para Gaza
A bordo das nove embarcações da FFC estavam 140 ativistas, médicos e jornalistas de todo o mundo
Publicado: 08/10/2025 às 13:45

Este incidente foi o segundo acontecimento nos últimos dias, após Israel ter impedido cerca de 40 embarcações e detido mais de 450 ativistas da Flotilha Global Sumud (Saeed QAQ / AFP)
Nesta madrugada as forças israelenses interceptaram mais uma frota, a Coligação da Flotilha da Liberdade (FFC), que tentava levar ajuda humanitária Faixa de Gaza.
A bordo das nove embarcações da FFC estavam 140 ativistas, médicos e jornalistas de todo o mundo. A Flotilha foi interceptada a 220 quilômetros da costa de Gaza e membros da tripulação relataram que oito navios militares israelenses cercaram os barcos em águas internacionais foram atacados e interceptados.
A Coligação da Flotilha da Liberdade acusou de sequestrarem a frota humanitária, sendo uma intercepção ilegal em águas internacionais. “Os participantes a bordo foram levados contra a sua vontade e estão sendo mantidos em condições desconhecidas", reportou a FFC.
Tel Aviv argumentou que foi mais uma tentativa inútil de violar o que considera ser um bloqueio naval legal numa zona de combate. “Os navios e passageiros da flotilha estão em segurança, foram transferidos para um porto israelense e devem ser deportados imediatamente”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores de Israel, em um comunicado na rede social X.
A Coligação da Flotilha da Liberdade (FFC) é uma rede internacional de grupos ativistas que organizam missões marítimas civis com o objetivo de romper o bloqueio israelense à Gaza para entregar ajuda humanitária a população da região.
Este incidente foi o segundo acontecimento nos últimos dias, após Israel ter impedido cerca de 40 embarcações e detido mais de 450 ativistas da Flotilha Global Sumud, que também tentava entregar ajuda humanitária para o enclave palestino.
Também seis ativistas sul-africanos da Flotilha Global Sumud denunciaram hoje que foram maltratados durante a detenção pelas autoridades israelenses devido ao papel da África do Sul no conflito. Mandla Mandela, um dos ativistas presos e neto de Nelson Mandela, primeiro presidente negro sul-africano, informou que os ativistas sul-africanos na flotilha foram maltratados porque o seu país confrontou Israel sobre as suas ações em Gaza, levando o caso ao Tribunal Internacional de Justiça. "Somos uma nação que ousou, por meio do nosso Governo, levar o 'apartheid' de Israel ao Tribunal Internacional de Justiça e ao Tribunal Penal Internacional e responsabilizá-los", acrescentou.
"Nós fomos forçadas a ficar atrás de uma tela, com as cabeças encostadas na parede e completamente nuas na frente de soldados israelitas. Isso não aconteceu com as outras mulheres", contou ainda a ativista sul-africana Zaheera Soomar, assegurando que só foram tratadas desta forma quando as autoridades viram a origem dos seus passaportes.
A chancelaria de Israel negou qualquer alegação de maus-tratos e ressaltou que todos os ativistas tiveram a oportunidade de serem deportados voluntariamente sem detenção.
Desde 2023, a África do Sul está envolvida num caso no tribunal superior das Nações Unidas, acusando Israel de genocídio em Gaza, sendo apoiada por diversos outros países.

