União Europeia pretende participar do comitê do plano de Trump para Gaza
A chefe da diplomacia e política externa da UE, Kaja Kallas, defendeu que a Europa possui um papel importante no Oriente Médio e deve compor Comitê de Paz
Publicado: 06/10/2025 às 18:47

Chefe da política externa e diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas (Nicolas TUCAT / AFP)
A União Europeia (UE) expressou hoje a intenção de integrar o novo organismo internacional de transição previsto no plano de paz para a Faixa de Gaza, que foi proposto pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
A chefe da diplomacia e política externa da UE, Kaja Kallas, defendeu que a Europa possui um papel importante no Oriente Médio e deve compor o Comitê de Paz para resolver a situação no enclave palestino. "A Europa não deve ser apenas um pagador, mas também um participante", declarou Kallas, reforçando que o bloco é o principal doador de ajuda humanitária aos palestinos e que mantém relações com a Autoridade Palestina e com Israel.
Kallas ressaltou que a UE trabalha no plano de paz em coordenação com parceiros árabes e manifestou que espera a aceitação de Tel Aviv na participação europeia
O plano de 20 pontos anunciado por Trump na semana passada almeja acabar com a guerra em Gaza e prevê a transferência da administração da região para um órgão palestino de tecnocratas independentes, responsável pela gestão dos serviços públicos e municípios e que ficará sob a liderança de um Comitê de Paz, presidido pelo próprio Trump e que incluirá, além disso, o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.
Enquanto isso, sob pressão de Washington, o governo israelense e o Hamas iniciaram no Egito conversações indiretas sobre a proposta do presidente dos Estados Unidos.
HRW pede medidas concretas para deter atrocidades
A organização Human Rights Watch (HRW) instou também hoje a comunidade internacional a tomar urgentemente medidas concretas para pôr fim às atrocidades e proteger palestinos e reféns em Gaza, como o embargo de armas e sanções direcionadas. A organização global de defesa dos direitos humanos ainda considera que o plano apresentado por Trump, para acabar com o conflito em Gaza, e que está atualmente sendo negociado pelos dois lados, não substitui as ações urgentes que os governos precisam tomar para proteger os civis e apoiar a justiça após dois anos de graves abusos em Israel e na Palestina.
"Os governos devem tomar medidas imediatas, incluindo embargos de armas, sanções direcionadas e apoio ao Tribunal Penal Internacional (TPI), de acordo com as suas obrigações legais internacionais de prevenir e impedir violações pelas partes, independentemente de o plano de Trump seguir adiante", defende Omar Shakir, diretor da HRW para Israel e Palestina.
A ONG afirma que as atrocidades cometidas nos últimos dois anos tiveram um impacto devastador em civis, com milhares de mortos, mutilados, famintos, deslocados à força e ilegalmente mantidos reféns ou detidos; cidades e bairros arrasados; e inúmeras comunidades e vidas devastadas. A HRW apela aos governos com influência sobre o Hamas e outros grupos armados palestinos que pressionem para a libertação urgente de reféns civis, um crime de guerra em curso. Além disso, aponta as numerosas violações das leis da guerra que equivalem a crimes de guerra, crimes contra a humanidade, incluindo extermínio, e atos de genocídio, e à violação de ordens vinculativas do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ). Assim como acusa o governo de Tel Aviv de centenas de mortes e mutilação de palestinos na Cisjordânia, com milhares detidos, muitos sem julgamento ou acusação, e inúmeros deslocados, na sua maioria pelas forças israelenses e colonos dos assentamentos ilegais.
"A escala da destruição em Gaza e os padrões dos ataques demonstraram o desprezo do Governo israelita pelas suas obrigações fundamentais ao abrigo do direito internacional", critica a HRW, apelando à comunidade internacional para que pressione as autoridades israelenses para que suspenda imediata e incondicionalmente as restrições ilegais à entrada de ajuda em Gaza e que interrompa a assistência militar e as transferências de armas para Israel, o Hamas e outros grupos armados palestinos.
A guerra em Gaza fez até agora mais de 67 mil mortos e pelo menos 170 mil feridos, na maioria civis.

