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Venezuela acusa EUA de execuções extrajudiciais no ataque a barco no mar do Caribe

O governo venezuelano alega que a operação causou a morte de 11 pessoas.

Isabel Alvarez

Publicado: 04/09/2025 às 13:55

O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello/Raul ARBOLEDA / AFP

O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello (Raul ARBOLEDA / AFP)

O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, acusou os Estados Unidos de cometerem execuções extrajudiciais ao atacarem um barco no mar do Caribe que, de acordo com a Casa Banca, transportava drogas de traficantes do cartel Tren de Aragua. O governo venezuelano alega que a operação causou a morte de 11 pessoas.

"Assassinaram 11 pessoas sem passar pela justiça. Pergunto se isso é aceitável? Nenhuma suspeita de tráfico de droga justifica execuções extrajudiciais no mar. Não é claro, não explicaram nada, anunciam pomposamente que assassinaram 11 pessoas. É muito delicado. E o direito à defesa?", denunciou Cabello, considerado o segundo dirigente mais importante na liderança do país.

As forças armadas norte-americanas dispararam na última terça-feira (2) contra um barco que transportava droga que havia saído da Venezuela e estava na região das Caraíbas, anunciou Donald Trump, presidente dos EUA.

O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, avisou que Washington iria realizar mais operações militares contra cartéis de droga. “Este é um sinal claro para o Tren de Aragua, o Cartel dos Sóis e outros oriundos da Venezuela, de que não permitiremos este tipo de atividade", afirmou Hegseth.

No final de julho, a Casa Banca classificou como uma organização terrorista o Cartel dos Sóis, um grupo que Washington alega estar inteiramente relacionado ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que considera um narcoterrorista. “Maduro não foi eleito e os Estados Unidos dão uma recompensa de 50 milhões de dólares por ele", argumentou Hegseth.

Por outro lado, Maduro denunciou que a administração Trump quer o petróleo venezuelano gratuito. “O imperialismo atacou e inventou uma história em que ninguém acredita", argumentou.

Na quarta-feira (3), o Parlamento do Peru também aprovou uma moção que declara o Cartel dos Sóis uma organização terrorista e que representa uma ameaça externa ao país. “O Cartel dos Sóis é uma organização criminosa diretamente ligada ao regime de Nicolás Maduro, que mantém ligações comprovadas com o narcotráfico e o terrorismo internacional", diz o comunicado do Congresso peruano.

Além disso, a Guiana já manifestou apoio à incursão militar que os EUA realizam nas águas do Caribe. O governo de Caracas reagiu e culpou o país vizinho de ajudar a promover uma frente de guerra na região. Os dois países são rivais políticos e disputam o controle de Essequibo, localidade internacionalmente reconhecida como sendo da Guiana e que possui uma vasta reserva de petróleo. A região é reivindicada pela Venezuela, e em 2024 Maduro chegou a realizar um plebiscito sobre se o seu país deveria anexar Essequibo. De acordo com Maduro, a maioria dos votos foi favorável a anexação.

Enquanto isso, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, expressou preocupação com a escalada das hostilidades entre Caracas e Washington. "É importante que haja uma redução das tensões e que seja encontrada uma solução pacífica para as divergências, em conformidade com o direito internacional e a Carta das Nações Unidas", disse Stéphane Dujarric, porta-voz do chefe da ONU.

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