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Hamas anuncia condições para alimentar reféns

A declaração do grupo ocorre depois da divulgação de vídeos de dois reféns israelenses visivelmente debilitados e desnutridos

Isabel Alvarez

Publicado: 04/08/2025 às 13:22

 Israeli President Isaac Herzog holds a photo taken as a screengrab from a video (released on August 1, 2025 by the armed wing of Palestinian militant group Hamas), showing Israeli hostage Evyatar David looking weak and malnourished, during a press conference with Lithuania's President (not in picture) at the presidential palace in Vilnius, Lithuania on August 4, 2025./Petras Malukas / AFP

Israeli President Isaac Herzog holds a photo taken as a screengrab from a video (released on August 1, 2025 by the armed wing of Palestinian militant group Hamas), showing Israeli hostage Evyatar David looking weak and malnourished, during a press conference with Lithuania's President (not in picture) at the presidential palace in Vilnius, Lithuania on August 4, 2025. (Petras Malukas / AFP)

O Hamas declarou hoje que pode coordenar com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha a entrega de ajuda humanitária aos reféns que mantém na Faixa de Gaza, desde que Israel aceite duas condições: a suspensão dos ataques aéreos e a abertura permanente de corredores humanitários.

A declaração do grupo ocorre depois da divulgação de vídeos de dois reféns israelenses, Evyatar David, 24, e Rom Braslavski, 21 anos, visivelmente debilitados e desnutridos. Em um dos vídeos, apresentado com a frase “Eles comem o que nós comemos”, aparecem imagens de crianças subnutridas em Gaza, alternadas com as de David, que se encontra fechado no que aparenta ser um túnel e escava o que afirma ser a sua própria cova. Já a imagem de Braslavski, em lágrimas, pede que Israel permita a entrada de alimentos.

A gravação gerou uma onda de indignação internacional, com países como Alemanha, Reino Unido, França e Estados Unidos exigirem uma ação imediata. O Conselho de Segurança das Nações Unidas convocou para terça-feira (5) uma sessão especial sobre a situação dos reféns.

Tel Aviv estima que 50 reféns ainda se encontram em Gaza, dos quais apenas 20 devem estar vivos. Até o momento, o Hamas tem impedido qualquer contato das organizações humanitárias com as pessoas mantidas em cativeiro.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pediu no domingo à Cruz Vermelha que disponibilize alimentos e assistência médica imediata aos reféns. A divulgação dos vídeos causou grande comoção em Israel. “Estão a matá-los de fome, da mesma forma que os nazistas mataram os judeus de fome”, comparou. “Mas não vamos ceder. Estou ainda mais determinado a libertar os nossos filhos cativos, a eliminar o Hamas e a garantir que Gaza nunca mais represente uma ameaça para Israel”, prometeu o premiê.

Os vídeos provocaram grande comoção em Israel e reacendeu o debate sobre a necessidade de chegar o mais rápido possível a um acordo. Centenas de pessoas também se reuniram no fim da semana nas ruas de Tel Aviv em apoio às famílias e para exigir a libertação dos reféns.

Enquanto isso, a crise humanitária em Gaza se agrava cada vez mais. Nas últimas 24 horas, mais seis pessoas morreram devido à fome ou desnutrição, elevando o total para 175 mortes, incluindo 93 crianças. Além de 17 palestinos mortos que procuravam por comida.

Israel, por sua vez, comunicou que permitiu no domingo a entrada de quatro caminhões-cisterna de combustível da ONU, destinado a manter hospitais, padarias e cozinhas comunitárias. O COGAT, o organismo militar israelense que coordena a ajuda, afirmou que mais de 23 mil toneladas de assistência entraram em Gaza na última semana, mas centenas de caminhões ainda não chegaram aos pontos de distribuição por causa da instabilidade no território.

A ONU também considera que os lançamentos aéreos de ajuda são insuficientes e insiste que o governo israelense deve consentir o acesso irrestrito por terra para evitar a fome generalizada que atinge a população palestina em Gaza, a maioria de deslocados vivendo em condições precárias.

“Gaza precisa de abastecimento alimentar sustentado para reverter à crise de fome”, alerta a ONG Save the Children

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