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ORIENTE MÉDIO

Comunidade internacional condena veementemente ataque israelense a hospital em Gaza

Ataque matou pelo menos 20 pessoas, incluindo cinco jornalistas

Isabel Alvarez

Publicado: 26/08/2025 às 16:47

Palestinos se reúnem em frente ao hospital Nasser em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza/ AFP

Palestinos se reúnem em frente ao hospital Nasser em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza ( AFP)

As Nações Unidas e inúmeros países, incluindo o Reino Unido, França, Vaticano, China, Alemanha, Espanha, Portugal e o Catar condenaram o ataque de Israel ao Hospital Nasser, em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, que matou pelo menos 20 pessoas, incluindo cinco jornalistas, na segunda-feira. As forças de Israel bombardearam o Hospital Nasser na segunda-feira (25) e, quando jornalistas e socorristas chegaram ao local para ajudar as vítimas e documentar o que ocorreu, voltou a bombardeá-lo, numa técnica conhecida como "golpe duplo".

O Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, declarou estar surpreendido com o que se passa em Gaza, apesar da condenação unânime mundial do que está a acontecer. "É um absurdo. Parece não haver qualquer vislumbre de solução", em reação ao bombardeio israelense ao Hospital Nasser.

“A situação está se tornando cada vez mais complicada e, do ponto de vista humanitário, cada vez mais precária. Mas, a esperança é necessária para todos. Mesmo hoje, na dificuldade de iniciar processos de paz em situações de conflito, não devemos desistir e devemos continuar a trabalhar pela paz e pela reconciliação”, enfatizou o cardeal italiano.

A Comissão Europeia afirmou hoje que o incidente é completamente inaceitável. “Os civis e os jornalistas devem ser protegidos ao abrigo do direito internacional. Os civis em Gaza têm sofrido durante demasiado tempo e em demasia, e é tempo de quebrar o ciclo de violência", disse o porta-voz da Comissão, Anouar El Anouni.

O chefe da ONU, António Guterres, exigiu também uma investigação rápida e imparcial, e sublinhou que as mortes em causa realçam os riscos extremos que os profissionais de saúde e os jornalistas enfrentam ao realizarem o seu trabalho vital no meio deste conflito brutal. Gueterres reiterou que esses profissionais devem poder desempenhar as suas funções essenciais sem interferência, intimidação ou danos, em plena conformidade com o Direito Internacional Humanitário.

"O secretário-geral condena hoje veementemente a morte de palestinos nos ataques israelense que atingiram o Hospital Nasser em Khan Yunis. Além de civis, os mortos incluíam profissionais de saúde e jornalistas", afirmou o porta-voz de Guterres.

"Estou horrorizado com o ataque israelense ao Hospital Nasser. Os civis, os profissionais de saúde e os jornalistas devem ser protegidos", frisou David Lammy, ministro das Relações Exteriores britânico, apelando por um cessar-fogo imediato.

O presidente francês, Emmanuel Macron, considerou como intolerável o ataque e instou Israel a respeitar o Direito internacional, salientando que civis e jornalistas devem ser protegidos em todas as circunstâncias. “Os meios de comunicação social devem poder cumprir a sua missão de forma livre e independente para cobrir a realidade do conflito", reforçou.

Macron ainda hoje escreveu uma carta pública para o jornal Le Monde em que afirma que as declarações de Benjamin Netanyahu sobre a ‘inação francesa’ para combater o antissemitismo ofendem todo o país, recusou as acusações e classificou-as de errôneas e abjetas. Pediu ainda que o primeiro-ministro israelense termine a corrida mortal e precipitada que iniciou em Gaza. “As acusações de inação diante do flagelo que combatemos com todas as nossas forças são inaceitáveis e ofendem toda a França”, escreveu o líder francês, após Netanyahu ter acusado Macron de formentar o antissemitismo depois do anúncio de que irá reconhecer o Estado da Palestina.

Macron completou que luta contra todo o tipo de abominações antissemitas e indicou às extremas direita e esquerda de alimentar um renovado ódio pela comunidade judaica na França.

Enquanto isso, o chefe da diplomacia do Catar, Mayed al-Ansari, destacou que estes ataques constituem um novo episódio na série de crimes odiosos cometidos pela ocupação contra o povo palestino irmão e uma violação flagrante do direito internacional. “Ataques contra jornalistas e pessoal médico requerem uma ação internacional e decisiva”, apontou Al-Ansari.
Já Portugal disse que o ataque é inqualificável. “Os jornalistas, os civis e os profissionais de saúde devem ser protegidos incondicionalmente. O cessar fogo é um imperativo da mais elementar humanidade e não pode mais ser adiado", acrescentou o chanceler Paulo Rangel

O Governo chinês manifestou estar chocado com os ataques. "Estamos chocados e condenamos o fato de, mais uma vez, infelizmente, os profissionais de saúde e os jornalistas terem sido mortos neste conflito. Opomo-nos e condenamos todas as ações que prejudiquem populações civis, danifiquem instalações civis e violem o direito internacional, incluindo atos de violência contra jornalistas. A China está muito preocupada com a situação em Gaza. Israel deve interromper imediatamente as suas operações militares em Gaza, concluir um cessar-fogo abrangente e duradouro o mais rapidamente possível, restaurar totalmente o fluxo de ajuda humanitária, evitar uma crise humanitária em grande escala e trabalhar para aliviar as tensões o mais rapidamente possível", afirmou Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.

Por outro lado, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, expressou lamento pelo acidente. “Israel lamenta profundamente o trágico incidente ocorrido no Hospital Nasser, em Gaza. Israel valoriza o trabalho dos jornalistas, do pessoal médico e de todos os civis. As autoridades militares estão a conduzir uma investigação completa”, diz a nota do gabinete do premiê.

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