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Faixa de Gaza

Reino Unido e mais de 20 países apelam pelo fim imediato da guerra em Gaza

"Os signatários identificados se unem com uma mensagem simples e urgente: a guerra em Gaza tem de terminar agora", declararam os ministros das Relações Exteriores dos países

Isabel Alvarez

Publicado: 21/07/2025 às 13:25

Acampamentos abrigando palestinos deslocados pelo conflito são montados perto do lago de coleta de águas residuais Sheikh Radwan, que está quase cheio, na Cidade de Gaza, em 14 de julho de 2025. (Foto de Bashar TALEB / AFP)/ AFP

Acampamentos abrigando palestinos deslocados pelo conflito são montados perto do lago de coleta de águas residuais Sheikh Radwan, que está quase cheio, na Cidade de Gaza, em 14 de julho de 2025. (Foto de Bashar TALEB / AFP) ( AFP)

O Reino Unido e mais de 20 outros países apelaram hoje ao fim imediato da guerra na Faixa de Gaza e ainda criticaram o modelo de entrega de ajuda humanitária do governo israelenses, realizado através da Fundação Humanitária de Gaza, considerando-o perigoso, gerador de instabilidade e que priva a dignidade humana dos habitantes de Gaza.

"Os signatários identificados se unem com uma mensagem simples e urgente: a guerra em Gaza tem de terminar agora", declararam os ministros das Relações Exteriores do Reino Unido, França, Itália, Japão, Austrália, Canadá, Dinamarca e outros países, num comunicado conjunto. "Estamos preparados para tomar novas medidas que apoiem um cessar-fogo imediato e um caminho político para a segurança e a paz de israelitas, palestinos e de toda a região."

Segundo um comunicado oficial do Vaticano, o Papa Leão XIV também alertou contra o uso indiscriminado da força e a deslocação massiva forçada das pessoas em Gaza, numa conversa com o presidente da Autoridade Nacional Palestina Mahmoud Abbas.

Durante quase três meses, Israel bloqueou completamente o acesso a qualquer mercadoria em Gaza, incluindo alimentos, medicamentos e combustível, agravando significativamente a crise humanitária que afeta a Faixa de Gaza. Em meados de maio foi permitida pelo governo de Tel Aviv a entrada parcial e limitada de ajuda no enclave palestino, mas o acesso tem sido extremamente escasso e sujeito a um arriscado sistema de distribuição baseado em pontos de distribuição geridos pela Fundação Humanitária de Gaza (FHG), classificado pelas Nações Unidas como uma armadilha mortal, uma vez que já provocou centenas de mortes. As organizações humanitárias que atuam na região garantem que o caos alimentar está atingindo proporções desesperantes.

 


Fome, tiros e desespero no enclave

O Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU denunciou no domingo à noite que foram os tanques israelenses e outros militares que abriram fogo sobre a multidão no norte de Gaza. O incidente causou a morte a 92 pessoas, um dos mais elevados números de vítimas de tiros num só dia, quando procuravam por ajuda alimentar, em Gaza. O norte do território palestino foi excluído deste sistema de distribuição da FHG, pelo que a população obtém ajuda atacando os caminhões da ONU que passam pelas estradas do norte, contexto em que ocorreu o massacre de ontem.

“Pouco depois de atravessar o último posto de controle para além da passagem de Zikim para Gaza, o comboio com 25 caminhões encontrou enormes multidões de civis que aguardavam ansiosamente para aceder aos recursos alimentares. À medida que o comboio se aproximava a multidão ao redor foi alvo de disparos de tanques israelenses, atiradores e outros disparos de arma de fogo. O violento incidente ocorreu apesar das garantias das autoridades israelenses de que as condições para as operações humanitárias melhorariam; entre elas, a de que as forças armadas não estarão presentes nem se envolverão em confrontos em qualquer momento ao longo das rotas dos comboios humanitários", relata a nota do PAM.

Já nesta manhã morreram mais 27 pessoas. O PAM reiterou que os grupos armados nunca devem estar presentes perto ou a bordo dos seus comboios de ajuda humanitária. Além disso, a organização acrescentou que cerca de 90 mil mulheres e crianças necessitam de tratamento urgente para a subnutrição em Gaza, enquanto uma em cada três pessoas não come há dias.

Por outro lado, o exército de Israel reconheceu ter disparado tiros de aviso e estar ciente das baixas, mas declarou que o número de mortos reportado não correspondia às informações disponíveis para as forças israelenses.

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