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ONU completa 80 anos sob ataques sem precedentes que ameaçam a paz mundial

Em sessão especial da Assembleia Geral, Guterres denunciou os ataques contra os seus princípios e alertou contra as violações

Isabel Alvarez

Publicado: 26/06/2025 às 19:35

Sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York/Daniel Slim/AFP

Sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York (Daniel Slim/AFP)

Nesta quinta-feira (26), a Carta das Nações Unidas completa 80 anos, que contou na ocasião com a assinatura de 50 países em 1945, após a Segunda Guerra Mundial. Mas, o secretário-geral da ONU, António Guterres, na sessão especial da Assembleia Geral, denunciou os ataques contra os seus princípios e alertou contra as violações, sem precedentes, além das ameaças que desafiam as leis internacionais e deixam em causa a paz no mundo.

"Hoje estamos assistindo a ataques aos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas como nunca visto antes. A ameaça ou o uso da força contra as nações soberanas. A violação do Direito Internacional, incluindo o Direito Internacional humanitário e o Direito Internacional dos direitos humanos. O ataque a civis e às infraestruturas civis. A exploração de alimentos e água. A erosão dos Direitos Humanos. Uma e outra vez, observamos um padrão bastante familiar: seguir a Carta quando nos convém, ignorá-la quando não nos convém. A Carta da ONU não é opcional. Não é um menu à la carte", discursou Guterres.

O chefe da ONU ainda afirmou que não se pode, nem se deve normalizar as violações dos seus princípios mais fundamentais e destacou que defender os objetivos e os princípios da Carta é uma missão interminável. "Podemos estabelecer uma ligação direta entre a criação das Nações Unidas e a prevenção de uma terceira guerra mundial. Agora, mais do que nunca, devemos respeitar e renovar o nosso compromisso com o Direito Internacional, em palavras e em ações", apelou aos 193 membros.

No entanto, em um cenário internacional de múltiplos conflitos e de endurecimento dos discursos de ódio e de nacionalismos exarcebados, as Nações Unidas vivem uma crise multifacetada que fragiliza o seu propósito e ameaça o seu futuro. Também o Conselho de Segurança da ONU, responsável pela tomada de decisões e emissão de resoluções sobre questões que ameaçam a paz mundial, se tornou praticamente inoperacional. E nos últimos tempos, os pedidos do secretário-geral ao respeito pela lei internacional e pela soberania dos povos não trazem mais resultados práticos e concretos.

A ONU toma medida em relação aos problemas que afetam a humanidade, que vão desde a paz, segurança, alterações climáticas, educação, infância, desenvolvimento sustentável, Direitos Humanos, ajuda humanitária e emergências de saúde, entre outros.

Entretanto, agora ainda enfrenta restrições orçamentais crônicas e severas, agravadas pelos cortes maciços da administração Trump na ajuda externa dos EUA.

Em março deste ano, Guterres anunciou a ‘ONU80’, que objetiva melhorar a eficiência da organização, uma reforma que, além disso, precisará enxugar gastos e eliminar milhares de cargos nos órgãos e comissões que compõem a organização.

 

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