Inteligência Nacional dos EUA e Trump divergem sobre programa nuclear do Irã
O vice-presidente dos EUA, JD Vance, indicou que Trump pode decidir que precisa tomar novas medidas para acabar com o programa nuclear iraniano
Publicado: 17/06/2025 às 17:21

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (BRENDAN SMIALOWSKI/AFP)
A diretora nacional da Inteligência Nacional dos Estados Unidos, Tulsi Gabbard, declarou em março no Congresso que a comunidade de inteligência dos EUA continuava a avaliar que o Irã não estava construindo uma arma nuclear e que o líder supremo Khamenei não autorizou um programa de armas nucleares que suspendeu em 2003.
Mas, o presidente norte-americano, Donald Trump, disse que o Teerã estava muito perto de obter uma arma nuclear, na contramão da avaliação de Gabbard. Ao ser perguntado por jornalistas no Air Force One nesta terça-feira (17) sobre essa avaliação de Gabbard, Trump respondeu: "Não me interessa o que ela disse. Acho que estiveram muito perto de tê-la", rebateu.
Enquanto isso, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, também avançou hoje que Trump pode decidir que precisa tomar novas medidas para acabar com o programa nuclear iraniano. “O Irã enriqueceu urânio muito acima do nível necessário para qualquer fim civil”, disse Vance.
Além disso, os militares e os serviços secretos norte-americanos afirmam que os EUA e Israel divergem frequentemente quanto ao modo de interpretar as informações sobre o programa nuclear iraniano, apesar de as compartilharem estreitamente.
No domingo, Netanyahu, foi questionado em uma entrevista ao canal Fox News sobre o motivo pelo qual os serviços secretos de Israel diferiam do testemunho de Gabbard no Congresso norte-americano. "A informação que recebemos e compartilhamos com os EUA era absolutamente clara, era absolutamente clara que eles estavam a trabalhar num plano secreto para transformar o urânio em arma. Estavam avançando muito rapidamente", justificou.
Já a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), entidade da ONU e um dos principais organismos internacionais de vigilância, garantiu na semana passada que o governo iraniano havia acumulado urânio enriquecido em quantidade suficiente, a níveis ligeiramente inferiores ao grau de armamento, para fabricar potencialmente nove bombas nucleares, o que classificou como uma questão de grande preocupação.
No entanto, o desafio do Irã é produzir não apenas uma arma nuclear em bruto, que de acordo com os especialistas poderia realizar dentro de alguns se decidisse, mas também produzir um sistema de lançamento funcional, o que poderia demorar muito mais tempo.
Após os ataques de Israel, agora os serviços secretos dos EUA e a AIEA trabalham para avaliar os danos que os bombardeios à arquitetura nuclear do Irã.
Segundo o ministro das Relações Exteriores israelense, Gideon Sa'ar, Israel tem somente três objetivos principais nos ataques ao território iraniano. "Em primeiro lugar, prejudicar gravemente o programa nuclear. Ainda não concluímos isso e ainda temos alvos. O segundo é prejudicar gravemente o programa de mísseis balísticos do regime iraniano e, finalmente, prejudicar gravemente o plano de eliminação do Estado de Israel", argumentou.

