° / °

Mundo
ESTADOS UNIDOS

Administração Trump envia 700 fuzileiros para a Califórnia

Pelo quarto dia consecutivo, a Califórnia continua sendo palco dos protestos contra as políticas anti-imigração do governo federal dos Estados Unidos

Isabel Alvarez

Publicado: 10/06/2025 às 13:20

Mulher em cima de um carro com uma bandeira mexicana e um cartaz enquanto manifestantes se reúnem perto do Edifício Federal em Santa Ana, Califórnia/Patrick T. Fallon/AFP

Mulher em cima de um carro com uma bandeira mexicana e um cartaz enquanto manifestantes se reúnem perto do Edifício Federal em Santa Ana, Califórnia (Patrick T. Fallon/AFP)

Pelo quarto dia consecutivo, a Califórnia continua sendo palco dos protestos contra as políticas anti-imigração do governo federal dos Estados Unidos. O presidente norte-americano Donald Trump enviou na segunda-feira (9) mais 2000 soldados da Guarda Nacional da Califórnia e também mais 700 fuzileiros navais para Los Angeles, elevando para quase 5000 o número total de militares mobilizados na cidade.

Segundo o Departamento de Defesa dos EUA, o motivo é conter os manifestantes. "Aproximadamente 700 fuzileiros navais serão integrados nas forças da Guarda Nacional, que estão protegendo as pessoas e os bens federais na área metropolitana de Los Angeles, como o complexo federal no centro de Los Angeles, que inclui o centro de detenção de imigrantes", diz o comunicado do Pentágono.

O contingente foi enviado sem o pedido e a aprovação do governador democrata da Califórnia, Gavin Newsom, que é o comandante-chefe destas tropas no estado, na primeira vez em 60 anos que a Casa Branca impõe uma medida desta forma.

O procurador da Califórnia, Rob Bonta, já apresentou uma ação judicial contra a administração Trump, alegando que a medida configura abuso da autoridade do governo federal e violou a Décima Emenda da Constituição.

A presidente democrata da Câmara Municipal de Los Angeles, Karen Bass, afirmou que o perímetro dos confrontos se limita a algumas ruas do centro da cidade, mas de acordo com as declarações de Trump, a Califórnia foi invadida por imigrantes e teria sido "varrida do mapa" se ele não tivesse decidido destacado a Guarda Nacional.

No entanto, a afirmação do presidente foi desmentida pelo procurador do distrito de Los Angeles, Nathan Hochman. "Não assistimos a nenhuma agitação civil em grande escala que exigisse 2.000 guardas nacionais e 500 ou 700 soldados adicionais", assegurou. Já Newsom ainda denunciou uma situação de superlotação de Los Angeles, onde os primeiros soldados encaminhados à cidade estão com falta de alimentos e água. "Não há comida, não há água. Apenas cerca de 300 estão destacados; os restantes estão inativos, sem uso, em edifícios federais, sem ordens. Não tem a ver com a segurança pública, mas com a satisfação do ego do presidente dos EUA. Isto é imprudente. É fútil. E desrespeitoso para com as nossas tropas", acusou o governador.

Gavin Newsom também é considerado um potencial candidato à Casa Branca em 2028, e é um dos alvos preferidos do republicano, que disse que seria ótimo prendê-lo.

Os Serviços de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS) e os tribunais de imigração localizados no complexo federal suspenderam os serviços ao público desde ontem.

Essa é a primeira vez em décadas que a Guarda Nacional é mobilizada sem aval de um governo estadual. O Brennan Center for Justice informou que a última vez que isso ocorreu foi em 1965, quando o presidente Lyndon Johnson enviou tropas, mas para proteger os manifestantes na famosa marcha de Selma pelos direitos civis, no Alabama.

Mais de Mundo