Fundação que distribui alimentos em Gaza suspende serviço
A Fundação Humanitária de Gaza (GHF) anunciou que suspenderá as operações de distribuição alimentar autorizadas pelas autoridades israelenses nos centros da Faixa de Gaza durante um dia
Publicado: 04/06/2025 às 12:21

Meninos palestinos carregam panelas enquanto fazem fila em um ponto de distribuição de refeições quentes em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza (Eyad BABA/AFP)
A Fundação Humanitária de Gaza (GHF) anunciou que suspenderá as operações de distribuição alimentar autorizadas pelas autoridades israelenses nos centros da Faixa de Gaza durante um dia. A FHG disse que as atividades serão retomadas na quinta-feira (5), após implementação de medidas de segurança.
“No dia 4 de junho, os centros de distribuição serão encerrados para trabalhos de renovação, reorganização e melhoria da eficiência”, declarou a organização de financiamento obscura apoiada pelos Estados Unidos e por Israel.
“Na quarta-feira é proibido circular nas estradas que conduzem aos centros de distribuição, que são considerados zonas de combate”, acrescentou o exército israelense. As autoridades de Tel Aviv impuseram a FHG, ao invés das tradicionais agências humanitárias que operam na região.
A medida ocorre apos soldados israelenses abrirem fogo em duas ocasiões contra os civis que aguardavam a ajuda na área de Al-Alam, em Rafah, no sul de Gaza. Dezenas de palestinos morrerem, além de muitos terem sido feridos.
A Organização das Nações Unidas descreveu os centros de distribuição como “armadilhas mortais”, no qual palestinos famintos são obrigados a percorrer zonas de combate e caminhar entre arame farpado rodeados por guardas privados armados. O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o tiroteio e exigiu uma investigação independente e imediata do incidente, enquanto o alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, denunciou como crimes de guerra.
Por outro lado, o exército israelense declarou que os soldados dispararam tiros de advertência contra suspeitos que se aproximaram de uma forma que colocava em perigo a sua segurança, mas afirmou que será aberto um inquérito para esclarecer e apurar tudo o que for possível sobre o sucedido. á a Casa Branca disse que investiga a autenticidade dos relatos de disparos fatais.
Após a interrupção muito parcial e limitada de um bloqueio total imposto por Israel por mais de dois meses, que privou a população de Gaza de toda a ajuda humanitária, a FHG iniciou as suas operações há pouco mais de uma semana com a entrada de poucos caminhões capazes de atender as necessidades urgentes do povo palestino. Desde então, a distribuição alimentar é precária e marcada por cenas caóticas e vítimas de tiros dos militares perto dos seus centros.
As Nações Unidas e várias ONGs também se recusaram a trabalhar com esta organização devido a preocupações com os seus procedimentos e neutralidade, receando que tenha sido criada para servir os objetivos militares de Israel.

